Neste sábado (6), uma caminhada do Parque Vaca Brava até o Areião irá marcar o Dia Nacional de Luta Contra a Dengue em Goiânia. O evento terá início às 8h. Neste ano, o chamado Dia D terá como reforço no enfrentamento à dengue o combate à chikungunya, outra doença transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti. Originária da África e Ásia, a enfermidade entrou nas Américas em dezembro de 2013, pelo Caribe, e se espalhou até chegar ao Brasil.

Segundo Juliana Brasiel, Diretora do Departamento de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS), dos 15 casos notificados de chikungunya, 3 foram descartados e 2 confirmados em pessoas que viajaram para Caribe e Guiana Francesa e retornaram doentes. Os outros 10 estão sendo investigados. Se as análises confirmarem a transmissão do vírus na capital, a previsão é de que ocorram 300 mil novas contaminações nos próximos 3 meses. “A taxa de ataque da febre chikungunya é alta. Muito mais pessoas podem ser infectadas pelo vírus do que pela dengue. Nossa preocupação é que, como o mosquito transmissor e o período sazonal são os mesmos, nós poderemos ter uma epidemia conjunta”, alerta.

Os números da SMS apontam que, só em 2014, foram notificados mais de 26 mil casos de dengue em Goiânia e 18 pessoas morreram. “Nesses óbitos estamos incluindo dengue grave de qualquer tipo e não só a hemorrágica. Casos de pacientes que tinham uma doença de base, como diabetes, hipertensão, cardiopatia ou hepatite e acabaram tendo complicações com a dengue, que resultaram na morte”, explica Juliana Brasiel.

Dengue x Chikungunya

Se o mosquito transmissor das doenças é o mesmo, a maneira de combater também é: eliminar os focos e criadouros do Aedes Aegypti. Os sintomas de dengue e chikungunya são praticamente idênticos: febre alta, dor de cabeça, dor muscular, manchas vermelhas na pele e dores intensas nas juntas. “A maior diferença está nas dores articulares, que são mais fortes na chikungunya e permanecem por muito mais tempo. Os sintomas vão se prolongar em 10% a 20% dos pacientes. Há casos de pessoas com febre chikungunya que tomam anti-inflamatórios por até 6 meses por conta dessas dores”, explica o médico infectologista Boaventura Braz de Queiroz.

Segundo o médico infectologista, a febre chikungunya é mais sintomática, mas a dengue é mais agressiva e tem taxa de mortalidade mais alta. Numa única picada do mosquito, é possível contrair as duas enfermidades, o que não implica em maiores complicações do ponto de vista clínico. “Isso não vai mudar a evolução. É importante que o profissional de saúde chegue ao paciente pensando em dengue, porque é uma doença que, num período curto de 5 a 7 dias, pode evoluir para um quadro de UTI. Isso não vai acontecer com a chikungunya. O mais grave é que tem que ser mais bem cuidado”, reforça o Dr. Boaventura.

O tratamento da chikungunya também é praticamente o mesmo da dengue. Dessa forma, é importante se preocupar com a hidratação e não usar medicamentos a base de ácido acetilsalicílico (AAS). Aparecendo os sintomas, o ideal é procurar o atendimento médico para receber orientação e tratamento adequados.