A vitória por 2 a 0 sobre o Peru encerrou muito bem o ano de 2016 para a Seleção Brasileira. Nos últimos seis jogos, foram seis vitórias, 17 gols marcados e apenas um sofrido. Entretanto, a temporada não foi marcada apenas por alegrias. Nas eliminatórias, o Brasil chegou a figurar na sétima colocação, posição que o tiraria do Mundial de 2018. Em junho, a equipe, então comandada por Dunga, fez sua pior participação em uma edição de Copa América e foi eliminada ainda na primeira fase.
Ao todo, a Seleção disputou 12 jogos neste ano. Foram oito vitórias, três empates e apenas uma derrota – um aproveitamento de 75%. O ataque balançou as redes 28 vezes, enquanto a defesa foi vazada em sete oportunidades. Números expressivos, porém, questionáveis pela bola apresentada no primeiro semestre.
A derrocada
2016 começou com dois tropeços para o Brasil, já anunciando a tragédia que viria a seguir. Nos primeiros embates, a equipe comandada por Dunga não passou de empates em 2 a 2 com Uruguai e Paraguai. Contra os paraguaios, inclusive, a seleção foi salva por um gol de Daniel Alves aos 47 da etapa final.
No final de maio, o Brasil iniciou a preparação para uma competição histórica: a Copa América Centenário, disputada nos Estados Unidos. No único amistoso visando o torneio, o time canarinho encontrou dificuldades para derrotar a frágil seleção do Panamá, vencendo por apenas 2 a 0.
Quando a bola rolou para a competição comemorativa, o que fora prenunciado se confirmou. Com uma atuação mais sofrível do que a outra, o Brasil foi eliminado na fase de grupos pela primeira vez desde 1987. Na primeira partida, a seleção já se complicou. Com uma grande atuação de Alisson, a equipe canarinho empatou com o Equador em 0 a 0 e largou mal no torneio.
No segundo compromisso, uma fácil vitória contra a modesta seleção do Haiti: 7 a 1. Apesar de dessa vez estar a favor, esse placar definitivamente não traz boas coisas ao Brasil. No jogo seguinte, um punhal no peito brasileiro. Em mais uma atuação apática, a Seleção sofreu, levou um gol de mão nos acréscimos, foi derrotada pelo Peru e deu adeus à Copa América Centenário.
A eliminação custou o emprego de Dunga. O treinador caiu no dia 14 de junho e deixou a seleção com uma campanha de duas vitórias, três empates e uma derrota. Foram 13 gols marcados e cinco sofridos. Além dos números, Dunga deixou o torcedor brasileiro ainda mais desconfiado de sua seleção nacional de futebol.
A ascensão
Com a demissão de Dunga, a CBF precisava de um técnico, mas não um ‘professor’ qualquer. A contratação deveria ser cirúrgica, e, naquele momento, apenas um nome agradava o torcedor brasileiro. No dia 15 de junho, a entidade anunciou esse nome. Tite, considerado por muitos como o melhor treinador do país. Adenor assumiu a seleção com a missão de superar os sucessivos fracassos e retomar a confiança da torcida.
A pausa
O primeiro desafio viria no início do mês de setembro, mas, nesse meio tempo, uma outra competição importante marcava o calendário brasileiro. Nos meses de julho e agosto, o Brasil disputava as Olimpíadas em casa e, em meio à desconfiança da época, precisava conquistar o inédito ouro olímpico.
Parecia que tudo ia dar errado novamente e a seleção olímpica cairia assim como a principal, acumulando mais um fracasso. Sob o comando de Rogério Micale, o Brasil teve duas atuações apagadas contra África do Sul e Iraque e não saiu do zero nos dois primeiros confrontos do Grupo A. Muito pressionada e criticada pela imprensa e pelos torcedores, o time foi para o jogo diante da Dinamarca precisando vencer para manter o sonho do ouro. E, com uma bela atuação, a vitória veio. Não só o triunfo, mas uma goleada. Com show da molecada, o Brasil fez 4 a 0 nos europeus e avançou nos Jogos Rio 2016.
Após um duelo de quartas de final pegado contra a Colômbia, bater Honduras na semifinal foi fácil: 6 a 0. A final estava ali. Maracanã, 63 mil pessoas, ouro inédito. Era a algoz Alemanha. Foi difícil, suado e nos pênaltis. Naquele 20 de agosto, os garotos do Brasil conquistavam, pela primeira vez na história, uma medalha de ouro olímpica.
A ascensão – Parte 2
O título olímpico voltou a cativar o coração dos torcedores com a Seleção Brasileira. E ainda havia a expectativa para ver ‘o novo Brasil de Tite’. A estreia do comandante ocorreu no dia 1º de setembro. O técnico estreante aproveitou as Olimpíadas e convocou vários nomes que compuseram sua primeira lista. Foi bem sucedido. O garoto Gabriel Jesus surpreendeu, mostrou personalidade e, em seu primeiro jogo com a camisa verde-amarela, anotou dois gols e foi o cara da vitória por 3 a 0 contra o Equador, em Quito.
O ânimo retornara. Torcedores e imprensa embeveceram-se com o belo desempenho na capital equatoriana. No jogo seguinte, um clima que há muito não se via tomou conta da Arena da Amazônia e o Brasil derrotou a Colômbia por 2 a 1.
A seguir, veio o primeiro massacre. No tour pelo Norte-Nordeste, a Seleção bateu a Bolívia por 5 a 0, em Natal. E foi pouco. No jogo da Arena das Dunas, os comandados de Tite dominaram todas as ações. Depois, foi a vez da Venezuela sofrer com o ‘novo Brasil’. Em um jogo com apagão, deu canarinho: 2 a 0 em Mérida e liderança garantida pela primeira vez nestas eliminatórias.
Faltava um grande teste para Tite? Ele veio. Com supremacia em campo, o Brasil passou fácil pela arquirrival Argentina, no Mineirão. A seleção soube segurar a pressão hermana na primeira etapa, deslanchou na segunda e bateu os argentinos por 3 a 0, voltando a chamar a atenção no mundo do futebol. No dia seguinte, Joachim Low, técnico da Alemanha, atual campeã mundial, afirmou que o Brasil dera a volta por cima após o fiasco do 7 a 1 e estava novamente no hall das grandes seleções do mundo.
Para fechar 2016, a cereja do bolo. A seleção brasileira não se mostrou agradecida ao Peru pela demissão de Dunga, e bateu os adversários, em Lima. Com mais uma atuação madura, os 2 a 0 pareceram ser construídos naturalmente.
Em contraste ao meio de temporada, o Brasil encerrou o de 2016 com um novo treinador, a classificação para o Mundial de 2018 praticamente garantida, vislumbrando um futuro glorioso e com o resgate da relação de amor entre torcida e Seleção.
Confira os números da Seleção Brasileira em 2016:
Jogos: 12
Vitórias: 8
Empates: 3
Derrotas: 1
Aproveitamento: 75%
Gols marcados: 30
Artilheiro: Gabriel Jesus (5 gols)
Gols sofridos: 7