A história de vida e abandono do Jóquei Clube

A desocupação e o descuido com o centro de Goiânia não é nenhuma novidade. Embora a histórica região recentemente esteja passando por um processo de valorização e redescoberta, um local permanece largado ao abandono. Reflexo da má administração e de muitas dívidas, mas também das transformações no setor: a sede do Jóquei Clube de Goiás (JCG).

Fundado em 1938, e inicialmente chamado Automóvel Clube de Goiás, em seu princípio era frequentado pela elite da nova capital – ainda em lento desenvolvimento, comandada pelo interventor Pedro Ludovico Teixeira. Na época, se tratava de uma das poucas construções de uma Avenida Anhanguera cercada por matas.

A partir dos anos 1950, com a expansão de Goiânia, o número de sócios cresceu, embora de perfil ainda bastante seleto. De toda forma, o suficiente para convencer a gestão a renovar a estrutura, que, nas décadas seguintes, se tornou obsoleta diante do surgimento de clubes “rivais”. E a transformação foi drástica.

O novo prédio foi pensado e projetado pelo renomado arquiteto Paulo Mendes da Rocha, responsável por outras obras imponentes da capital, como o estádio Serra Dourada e o novo Terminal Rodoviário. Com um desenho modernista e brutalista feito no início da década de 60, a obra foi concluída após sete anos de construção, em 1975.

Com seus traços fortes e pilares grandiosos, se tornou uma construção de relevância arquitetônica para Goiânia. Paulo Mendes da Rocha buscou casar o concreto com uma área verde, um bosque integrado à calçada, além de um amplo centro de lazer e esportes, com salão de festas, restaurante, churrasqueiras, piscinas e quadras poliesportivas.

Foto: Rubens Salomão

Clube da elite

Ponto de encontro da alta sociedade goianiense, recebeu eventos de prestígio e seguiu popular mesmo quando a elite se distanciou do Centro. Os novos frequentadores, famílias de classe média, tornaram tradição as festas de Carnaval, enquanto a estrutura esportiva passou a ser mais utilizada, inclusive com a criação de equipes.

Com o tempo, entretanto, os trabalhos de modernização da estrutura foram na contramão dos novos hábitos do seu público, que passou a preferir shoppings e novas áreas de lazer, como dos seus próprios condomínios. Contemporaneamente, o setor passou a ser visto como uma região perigosa, levando à sua desvalorização.

Atualidade

Coincidentemente, o número de sócios despencou ao passo que as dívidas cresceram, ao ponto de tornar a administração insustentável. Uma das soluções foi ceder parte do terreno para uma faculdade transformar em estacionamento, destruindo o espaço verde. Os problemas financeiros não diminuíram e até uma venda foi levantada.

Hoje, um grande elefante branco na beira de uma das avenidas mais movimentadas da cidade, a estrutura não passa despercebida por sua grandiosidade. Abandonado, o clube não recebe visitantes há anos após as dívidas se tornarem insolúveis, sem fornecimento de água e energia, enquanto o prédio resiste ao tempo no coração de Goiânia.

Goiânia 90 Lugares

Goiânia faz 90 anos em 24 de outubro. Por isso, o Sistema Sagres de Comunicação, com apoio da Prefeitura de Goiânia elaborou um guia de 90 locais a serem conhecidos por você que é goianiense, que mora na capital ou que está de passagem por aqui. Esta é a campanha “Goiânia 90 Lugares”.

A produção inclui 90 reportagens em texto e fotos de lugares marcantes da cidade, 30 vídeos, um mapa e uma página especial. A campanha conta ainda com entrevistas especiais sobre a construção, estrutura e futuro da nossa capital.

As ações tem coordenação de Rubens Salomão, com pesquisa e textos de Samuel Straioto, Arthur Barcelos e Rubens Salomão. Imagens e edição de Lucas Xavier, além das reportagens em vídeo de Ananda Leonel, João Vitor Simões, Rubens Salomão e Wendell Pasqueto. A coordenação do digital é de Gabriel Hamon. Coordenação de projetos é de Laila Melo.

Foto: Rubens Salomão

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 04 – Educação de Qualidade; ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis

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