Não vejo como comentar futebol, sem incluir no pacote a arbitragem e comento arbitragem como ginecologista/obstetra: ele jamais engravidará, mas sabe como avaliar a gravidez para evitar problemas para o bebê e a mãe.

Jamais daria conta de apitar uma partida de futebol e por isso nunca me meti a arbitrar nem em “pelada”, mas como a profissão exige, procurei entender a questão de forma teórica, para ver quem, na prática, está cumprindo bem a função.

Por que não tem como analisar o futebol sem incluir no pacote a arbitragem? Porque é o apito que controla a partida dentro das regras, para que prevaleça a justiça nos resultados. Não descarto a possibilidade do erro humano e não me esqueço que o árbitro é humano (e como todos, erram também).

Mas questiono os erros e o meu principal critério de avaliação da seriedade das arbitragens é quando os erros acontecem prejudicando ou auxiliando sempre o mesmo lado. Se erra sempre pelo mesmo lado, o mais provável é que o erro seja orquestrado. Por quem? Só Deus sabe, como só ele sabe de muitas outras coisas internas do futebol.

No jogo Atlético Goianiense 1×1 Botafogo, o árbitro foi Leandro Pedro Vuaden (RS). Em um lance de bola cruzada de muito perto, a bola e a mão do zagueiro João Vitor do Atlético se encontraram dentro da área.

Houve pequeno deslocamento do braço no momento do cruzamento, muito mais em função da necessidade do atleta de buscar a impulsão para o corpo subir e os membros superiores também auxiliam este levantamento e por isto automaticamente são afastados do corpo, ainda que muito pouco, como foi o caso.

Junte-se a isto o fato de que a bola estava muito próxima do jogador e não haveria tempo de buscar a impulsão e retroagir o braço, antes da chegada da mesma. O senhor Leandro Pedro Vuaden marcou o pênalti, alegando o risco assumido, quando o jogador não tem a intensão de cometer a infração, mas não se precaveu para evitar uma falta acidental.

O Botafogo cobrou o pênalti e fez o gol. O jogo seguiu e num lance em que havia maior (bem maior) distância entre o jogador do Atlético o zagueiro do Botafogo, o zagueiro do Botafogo abriu bem mais o braço para expandir o corpo e houve também o choque entre a bola e a mão. Por mais que os atleticanos pedissem, o árbitro se negou a checar o equipamento da arbitragem de vídeo e mandou o jogo seguir.

Para ser muito ameno na crítica a atitude do árbitro, afirmo que ele usou dois pesos e duas medidas, para camisas de clubes com pesos diferentes também. O jogo terminou empatado. Se o pênalti (bem questionável) marcado contra o Atlético não tivesse sido assinalado, o time venceria o jogo e se o mesmo critério fosse utilizado no lance envolvendo o zagueiro do Botafogo, o Atlético só não venceria a partida se errasse a batida.

Na partida de domingo, 18 de outubro, diante do Athletico Paranaense o erro da arbitragem contra o Atlético Goianiense foi ainda mais visível. O atacante Zé Roberto recebe um lançamento e vence na arrancada o zagueiro do clube paranaense. Sem outra alternativa o zagueiro faz o pênalti, para evitar o gol. O árbitro Pablo Marron Gonçalves Pinheiro (RN) não tem outra alternativa que não seja sinalizar o pênalti.

Neste momento entra em cena o senhor Caio Max Augusto Vieira, árbitro de vídeo, também do Rio Grande do Norte e denuncia que ao receber a bola para entrar na área, havia impedimento do atacante goiano. Sem se dar ao zelo de ir ver a imagem, imediatamente o senhor Pablo Ramon Gonçalves Pinheiro anulou a marcação.

Por todos os ângulos possíveis para a observação, não há o impedimento. Zé Roberto está na mesma linha do seu marcador e atrás da linha de um jogador paranaense, que acompanha o lance mais ao centro do mundo campo. Não há espaço para dúvida, mas o pênalti foi desmarcado.

Durante o jogo o árbitro ainda teve posturas diferentes em relação aos dois times. Com o clube goiano, muito rigor na aplicação dos cartões e com o paranaense muita aceitação. Num dos lances mais chocantes (depois do pênalti desmarcado) o jogador Léo Cittadini, segura Marlon Freitas do Atlético pela cintura, sendo arrastado por este por quatro passos.

Pela regra o agarrão do jogador paranaense já seria motivo para o cartão amarelo, mas ainda teve o agravante de ter evitado um contra ataque com a defesa adversária toda descomposta e faltas assim também são passíveis de punição com o cartão amarelo. Mas o senhor Pablo Ramon Gonçalves Pinheiro não teve a dignidade para cumprir a regra. Este mesmo Léo Cittadini fez o gol de empate do Athletico.

A tolerância com o atleta do Paraná não foi vista quando o volante do Atlético, Willian Maranhão, num misto de irresponsabilidade e descontrole, dá um tapa no rosto de Carlos Eduardo, do Athletico, após levar um empurrão do mesmo e foi expulso. A regra manda que a expulsão seja efetuada, mas manda também que o jogador que deu o empurrão, originando o lance, receba o cartão amarelo e isto não foi feito.

Que o Atlético Goianiense está buscando um lugar de respeito no futebol brasileiro não é segredo para ninguém. Como não é segredo que este lugar tem sido buscado com muito trabalho, criatividade e no rígido respeito a honestidade e a honradez. Mas há uma descarada intensão de bloquear o crescimento dos clubes que estão buscando a ascensão, travando o trabalho árduo dos mesmos.

Não há interesse da CBF e nem da televisão que compra o direito de transmissão do campeonato, pela presença de um clube como o Atlético na primeira divisão do futebol brasileiro, enquanto um poderoso como o Cruzeiro caminha a passos largos para a série C. Eles ignoram a lei basilar do esporte que é a justiça dos resultados de vitórias dentro das regras do jogo. Mas é preciso mudar isto.

É preciso deixar o trabalho sério valer mais do que o prestígio do clube que despreza a seriedade e dar aos primeiros o direito de desfrutar do resultado do seu esforço e aos segundos de arcar com as consequências das suas extravagâncias. O Atlético precisa abrir bem os olhos e a FGF precisa amparar seu aliviado. As evidências estão aí, só não vê quem não tem o interesse.