A cidade conviveu recentemente com cenas lamentáveis e o fato revela o exercício ainda imberbe da jovem democracia. Nas manifestações contrárias à nova tarifa do transporte coletivo e favoráveis à Universidade Estadual foram produzidas cenas de policiais sacando armas para a multidão. São os típicos casos em que todos estão errados.

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Errada está a Polícia quando aponta a pistola para um jovem armado apenas de ideias na cabeça.

Errado está o manifestante quando atira pedras, insulta e irrita os policiais que vão ao evento apenas para proteger a sociedade e seus bens.

Goiás está pródigo em fotos e filmagens de policiais com armas na mão mirando inocentes. No Parque Agropecuário de Goiânia um agente civil matou um estudante. São incontáveis, e de tão comuns ficam ausentes do noticiário, as agressões cometidas por policiais contra jovens. Se alguém registrar as cenas, ótimo, pode sair punição. Se ninguém filmar nem fotografar nem gravar, o valentão foi novamente premiado com a impunidade.

Quem está na multidão gritando contra qualquer tipo de governo tem o direito de gastar a garganta, não o dinheiro dos outros.

Não pode quebrar ônibus porque não atinge o dono da empresa, só atinge a seguradora e o próprio usuário, que vai ficar sem transporte. Mas eles quebram e fica por isso mesmo.

Não pode parar o trânsito, porque prejudica quem está indo para o serviço, a escola. A ambulância não anda. O carro do Corpo de Bombeiros não anda. Nada anda. Mas eles acham bonito parar o trânsito, mesmo que seja apenas meia dúzia de três ou quatro manifestantes. E fica por isso mesmo.

Isso não é democracia, é totalitarismo, ainda que provocado por quem não está com poder constituído. Esse é o objetivo de todos eles, o poder constituído.

Não pode ficar por isso mesmo.

Nem o policial que aponta a arma, ainda que não atire. Tem de pagar pelo seu erro.

Nem o manifestante que depreda bens públicos ou particulares. Tem de pagar pelos danos.

Ou as autoridades agem com rapidez ou as cenas lamentáveis vão ficar tão comuns que em breve nem mais estarão no noticiário.