O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) informou na quinta-feira (26) que analisou, até o momento, 36 amostras de pacotes de sementes não solicitadas que chegaram via Correios na casa dos brasileiros e foram encaminhadas à Pasta.

As análises realizadas pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária em Goiás (LFDA-GO), referência em sanidade vegetal, indicam que parte das amostras contem a presença de mais de uma praga em seu conteúdo.

O laudo aponta que sementes misteriosas representam “altíssimo risco para agricultura brasileira”, sobre o assunto o Manhã Sagres desta sexta-feira (27), com o Superintendente Federal de Agricultura em Goiás Substituto, o engenheiro agrônomo Arnoldo Junqueira, que destacou que o trabalho de analise dessas é difícil e minucioso.

“É um trabalho muito grande, em que estamos investigando espécies, fungos, ácaros, vírus e bactérias desconhecidas, não sabemos o que estamos investigando”, afirmou. O agrônomo ainda detalhou que número sementes recebidas é bem alto.

“Nós recebemos até ontem (quinta-feira, 26), 796 amostras oriundas de várias partes do Brasil, destas, já conseguimos concluir 36 amostras, das quais 47% apresentaram um elevado risco para a agricultura nacional. Identificamos uma amostra com uma erva daninha, presente no Brasil e tem grande potencial para ser praga quarentenária, que é uma praga que apresenta risco para o país. E quatro amostras apresentaram uma praga quarentenária, que é uma planta daninha presente nos Estados Unidos e no Canadá e que é uma praga quarentenária ausente regulamentada no Brasil”, explicou.

Arnoldo Junqueira salientou que “não acredita em bioterrorismo”, para ele as sementes contaminadas tem sido enviados por engano. “Não achamos que é intencional, tem sementes tratadas com agrotóxicos e sementes infectadas no meios de sementes de vários tipos de planta”.

“Acreditamos que isso é uma prática no comércio internacional em que grandes sites mandam as sementes acompanhando compras que a pessoa comprou (por exemplo), para a pessoa melhor avaliá-los. Ou então eles acessam dados ilegalmente dos compradores, criam uma conta e enviam as sementes sem a pessoa pedir, para se avaliarem e melhorar as notas deles, assim, os sites conseguirem vender mais”, exemplificou.

O agrônomo explicou que a fiscalização nos correios foi intensificada para impedir que essas sementes chegam até a casa das pessoas. Por ser uma quantidade muito grande de sementes, Arnoldo acredita que pode chegar uma hora que não será mais possível analisar todas elas. “Cada pacote que chega temos que plantar as sementes, esperar elas crescerem para analisar, é um processo muito demorado”.

Segundo Arnoldo Junqueira, “existe o risco dessas sementes já terem disseminados pragas no Brasil”, mas todo esse trabalho de análise está sendo feito para impedir que a agricultura brasileira seja afeta. O agrônomo ainda alerta que quem receber essa sementes não deve plantá-las, nem jogá-las fora.

“Quem recebe essas sementes em casa, não pode destruí-las ou manuseá-las, deve comunicar o Ministério da Agricultura ou para o órgão de defesa sanitária estadual, no caso do Estado de Goiás, é a Agro defesa, que a gente vai dar o destino apropriado para essas sementes”, orientou.