Após os atos de 7 de setembro, com discursos do presidente da República, Jair Bolsonaro (Sem partido), que chegou a afirmar que não obedecerá decisões judiciais que vierem do Supremo Tribunal Federal (STF) e pediu a saída de um dos ministros, os partidos começaram a se movimentar. O líder da oposição na Câmara dos Deputados, deputado federal Alessandro Molon (PSB), afirmou que o ambiente começou a mudar e ficar favorável ao impeachment do presidente Bolsonaro.

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“Ontem nós tivemos presentes aqui no plenário, em contato com vários líderes que manifestaram grandes preocupações com os rumos que o País está tomando. Ficou claro para os líderes de diversos partidos que o presidente da República é um caso perdido. Ele, de fato, conspira o tempo inteiro contra a democracia, se prepara para não reconhecer os resultados das próximas eleições, mais uma vez colocou em chegue a correção das urnas eletrônicas, insinuou fraudes eleitorais e disse que só sairá do poder preso ou morto. Ou seja, sequer reconhece a possibilidade de perder as eleições, nega o direito ao povo brasileiro de substituí-lo por outro governante qualquer”, declarou.

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Para ter possibilidade da aprovação do impeachment, é necessário que um grande partido de Centro se movimente como oposição para que os votos necessários sejam atingidos. Segundo o deputado, líderes do MDB, PSDB e PSD já caminham para a direção do impedimento do presidente.

Porém, todo o processo passa pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), que precisa colocar algum pedido de impeachment em votação. “A sensação que eu tenho é que o presidente da Câmara permanece inerte. Fez um discurso, que a meu ver, ficou muito aquém do necessário. Era o momento do presidente da Câmara endurecer com o presidente da República, dar um recado claro que a Câmara não tolerará ataques a outros poderes, mas, infelizmente, a manifestação dele foi muito fraca e ele de fato não deu qualquer sinal que avançará na direção do impeachment”.

Alessandro Molon detalhou que é necessário que haja pressão da sociedade ao impedimento do presidente, para que Arhur Lira “seja obrigado a caminhar na direção do impeachment”.

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“Eu vejo a criação de uma frente ampla crescer, avançar. Acho que isso passa por esse ato de domingo (12), mas pelos próximos também. Nós decidimos ontem fazer uma mobilização perto do dia 5 de outubro, que é o dia da promulgação da Constituição, cai numa terça-feira, então, provavelmente, no domingo, dia 3/10, nós faremos um grande ato, convocado por todos os partidos de frente. E isso culminará, também, no dia 15 de novembro, dia da Proclamação da República, um ato com o estilo Diretas Já, que juntem todos e todas nas ruas do país, em defesa da democracia”, projetou.

O deputado federal contou que foi convidado para as manifestações do próximo domingo (12), contra o presidente Jair Bolsonaro, e que irá participar, mesmo tendo visões diferentes dos organizadores, em relação ao papel do estado e economia. “São diferenças menores em comparação com o compromisso de todos nós com a democracia”.

Protestos de caminhoneiros

O líder da oposição na Câmara dos Deputados, Alessandro Molon, afirmou que nunca pensou que veria um presidente da República capaz de sabotar o próprio mandato, ao comentar os protestos de caminhoneiros, que tiveram início nesta quarta-feira (8). O deputado disse, inclusive, que acredita que Bolsonaro tenha começado a perceber que isso não acabará bem para ele. “Porque a inflação vai aumentar, o desabastecimento vai crescer e as pessoas vão atribuir isso ao governo dele. Eu, honestamente, não consigo ver ele insistindo nisso, porque o principal prejudicado será o povo brasileiro”.

Molon declarou também que as manifestações não são espontâneas. “O sindicato dos Caminhoneiros não reconhece esse movimento. Isso é o movimento de algumas empresas, transportadoras, que estão fazendo o serviço sujo do governo. Além de tudo, é um movimento agressivo contra a liberdade das pessoas, não é uma adesão natural dos caminhoneiros”.

Assista a entrevista no Sagres Sinal Aberto: