Uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) foi selecionada para participar de um desafio da Organização das Nações Unidas (ONU), que visa alimentar 10 bilhões de pessoas de forma sustentável até 2050. O líder da equipe é o engenheiro químico e mestrando da área de alimentos da UFG, Gustavo Henrique Rocha, que  criou um chocolate sem gordura e um adoçante à base de resíduos de cacau e maçã para a confeitaria.

Assista a entrevista na íntegra:

“[Durante a pandemia] as pessoas estavam preocupadas em se alimentar melhor para melhorar a imunidade e aí surgiu a oportunidade de criar o chocolate. A maioria das pessoas amam chocolate, mas ele é sempre visto como um produto, que apesar de muito saboroso, não é tão benéfico”, disse.

O engenheiro contou que o chocolate é feito à base de cacau e maçã, sem utilizar a manteiga do cacau. Conforme Rocha, é como se o alimento fosse um creme de chocolate sem açúcar e sem gorduras. Além do chocolate, Gustavo Henrique criou, com a equipe que lidera na UFG, um adoçante, ideia que surgiu a partir de uma experiência numa produção de cacau no sul da Bahia.

“Eles têm um sistema agroflorestal em que o cacau é produzido sob a sombra da Mata Atlântica. Eu visitei a fazenda dos produtores e percebi que durante o processamento para fazer o chocolate, as amêndoas eram prensadas e se escorre um líquido que é muito instável porque fermenta rápido. Esse líquido tem um sabor muito saboroso, agridoce, mas não é bem aproveitado por causa dessa instabilidade”, contou

Rocha disse que os produtores da região tomam o líquido como bebida, mas ele percebeu que o “alimento tem um grande potencial”. “Eu já tinha essa experiência de fazer chocolate a base de vegetais e com maçã. Então, iniciamos um trabalho voltado para pegar esse resíduo, estabilizá-lo e transformá-lo em um alimento nutritivo para as pessoas. A partir disso surgiu essa ideia de, inicialmente, aplicá-lo como um potencial ingrediente na confeitaria, como um aditivo adoçante”, explicou.

Desafio da ONU

Conforme destacou Gustavo Henrique Rocha, o Thought for Food é uma organização mundial apoiada pela ONU, que visa capacitar e apoiar iniciativas do mundo todo, para contribuir com a alimentação de 10 bilhões de pessoas até 2050. A equipe do engenheiro químico foi selecionada para representar o Brasil e a América Latina nesse desafio.

Foto: Reprodução Sagres TV

“Com esse projeto, a gente objetiva trabalhar diretamente com os agricultores do cacau para obter esse resíduo, estabilizá-lo, porque ele é muito instável, e transformá-lo em um alimento para alcançar as pessoas, que são os consumidores finais”, disse.

Ainda em setembro, Rocha vai para Nova York e conhecerá os demais líderes das equipes pelo globo. Eles receberão treinamentos e capacitações com grandes agentes do setor da alimentação e da agricultura. “E retornaremos ao Brasil para colocar em prática, fazer rodar esse projeto e impactar pessoas”, contou.

Além de Gustavo, outros integrantes da equipe devem participar da capacitação que será oferecida em Nova York. Porém, a organização do evento só custeia a passagem do líder da equipe. Para que mais pesquisadores possam ir também, eles estão arrecadando recursos por meio de vaquinha online. 

“Por se tratar de um treinamento que vamos receber, acreditamos ser muito importante que mais membros da equipe possam aproveitar essa troca, para retornarmos com os conhecimentos que obtivermos lá e colocar em prática aqui no nosso país”, esclareceu.

Quem quiser ajudar o engenheiro químico e sua equipe precisa enviar uma mensagem por telefone para receber o link da vaquinha. “Pode nos mandar uma mensagem pelo WhatsApp (62) 3593-1443. Por lá, enviamos o link da vaquinha para quem quiser nos apoiar a estar indo representar o Brasil e retornar com essa grande missão de contribuir para alimentar 10 bilhões de pessoas até 2050”, concluiu.

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