Não foi força de expressão ou blindagem aos jogadores e comissão técnica, quando o presidente do Atlético Clube Goianiense, Adson Batista afirmou que a responsabilidade pelo insucesso do time, após a derrota para o São Paulo por 2×0, no tempo normal e a desclassificação para a final da Copa Sul-americana, na disputa nos pênaltis, na noite desta quinta feira, 8 de setembro. Adson falou uma grande verdade.
Mas nem tudo foi trágico na caminhada do Dragão em 2022. Foi campeão estadual com sobra e conquistando o título com uma vitória maioral por 3×1, na grande final, diante do rival Goiás, na casa do adversário. Naquele momento mais do que festa o Atlético precisava de planejamento. A partir dali a maratona ficaria muito mais pesada: Brasileiro Série A, Copa do Brasil e Copa Sul-americana.
O Atlético precisava se lembrar que jogaria em média, uma partida a cada 27 horas e com longas distâncias a percorrer entre um jogo e outro. Mesmo tendo um time titular com boa capacidade de competitividade, as lesões seriam inevitáveis e as opções no banco de reservas não estavam à altura dos titulares. Soma se a isto o elenco com número reduzido de jogadores. O torcedor que é leigo e passional não sabe disto, mas um presidente que respira futebol desde a juventude, quando começou jogar futebol na base, que por mais de 10 anos foi jogador profissional e que acumula também a função de diretor de futebol, não pode cometer um erro tão grande. O pior é que além deste planejamento mal feito, houve outros erros.
Sabendo que estava presente em três competições pesadas, que tinha um elenco reduzido, o Atlético precisava ter investido em um técnico de peso, daqueles que o currículo impõe e a capacidade lhe dá condições de tirar de cada jogador seu máximo. Isto não foi feito. Nas três mudanças de treinadores, Adson preferiu apostar nos treinadores meia boca: Umberto Louzer, Jorginho e por último Eduardo Batista. Destes quem tem maior capacidade é Jorginho e por isto a maioria das boas apresentações foram feitas sobre o seu comando – mas mesmo Jorginho é pequeno para o tamanho da agenda do Atlético neste ano. Saiu na hora errada e seu substituto contrariou torcida, imprensa e conselheiros (embora estes não falem diretamente para o Adson desta contrariedade).
Trazer Eduardo Baptista para dirigir o Atlético numa fase semifinal da Copa Sul-americana e com o clube respirando por aparelhos no Campeonato Brasileiro, foi querer contar com a sorte demais. O resultado foi o que os sensatos anunciaram: perdeu a classificação para a final da competição internacional de forma bizarra: no primeiro jogo em Goiânia, o São Paulo teve um jogador expulso (Igor Gomes) aos 40 minutos do primeiro tempo.
Todos imaginaram que Eduardo Batpista voltasse com um time agressivo, já que estava empatando o jogo por 1×1, resultado ruim para a equipe que jogava em casa, enfrentando um São Paulo completamente desestruturado, após a expulsão.
O Atlético jogava com três volantes, um, o Edson Fernando, atuando mal inclusive tendo falhado no gol são-paulino e dois atacantes. Ele erra nas alterações trocando o lateral direito Dudu pelo outro lateral direito Hayner e tirando do meio campo seu melhor volante na partida, o Gabriel Baralhas, para colocar mais um homem de criação (já tinham dois jogando – Jorginho é Wellington Rato), o Shaylon.
Shaylon fez 2×1 para o Atlético, mas com um atacante diante do São Paulo batido como estava, era possível fazer bem mais. Aí vem outro equívoco, o Eduardo Batpista tira o outro lateral, Jefferson para entrada do também lateral Arthur Henrique, com o Edson Fernando jogando mal, sendo mantido no time. Pressionado pela torcida ele enfim faz a alteração estrutural certa, tira Wellington Rato e coloca o atacante Léo Pereira e este faz o terceiro gol atleticano. O esperado era que ele tirasse o volante Edson Fernando e aproveitasse o fato do São Paulo estar batido, entregue, para colocar mais um atacante. Eduardo Batista enfim tira o Edson Fernando, mas coloca outro volante, o Rhaldiney.
O São Paulo batido não foi agredido e o Atletico com um homem a mais, jogando em casa se contentou com a vitória por dois gols de diferença, quando poderia, graças aos problemas do adversário ter matado a classificação com uma diferença maior de gols. Veio a segunda partida do Eduardo Batpista, agora pelo Brasileirão, em casa, diante do Atlético MG e mais uma vez o treinador escala mal, faz alterações equivocadas e perde o jogo por 2×0. A terceira partida foi o desastre do Morumbi. O time não tem tempo para choramingar a desclassificação na Copa Sul-americana, já que neste domingo terá um jogo decisivo pelo Brasileirão, no Couto Pereira diante do Coritiba.
Apesar de não chegar à final nem da Sul-americana, nem da Copa do Brasil, o Atlético foi bem nas duas competições: na segunda foi eliminado pelo Corinthians na fase quartas de final e na primeira, pelo São Paulo na fase semifinal. O grande problema é o Brasileirão, onde patina e não consegue sair da zona de rebaixamento. Tem muito tempo ainda, já que restam 13 jogos, 39 pontos em disputa, dos quais o Dragão precisa ganhar no mínimo 22, sete vitórias e um empate (a grosso modo), para permanecer na Série A.
Agora com o tempo mais espaçado acho a missão plenamente realizável, embora não acho que Eduardo Batpista seja o técnico ideal para capitanear a empreitada. Aqui vale destacar outro erro de execução do presidente Ádson Batista. Esperou a janela de julho para reforçar o time, contratou nove jogadores e nenhum conseguiu ser titular no lugar de um dos estafados jogadores que estão jogando um jogo atrás do outro, desde março.
Pra não dizer que não veio ninguém aproveitável, o Willian Maranhão acrescenta, o Rhakdiney e o Lucas Gazal, com o tempo podem acrescentar também. Os outros serão só motivos para lamentações.
O Adson não errou na sua consideração, o fracasso do Atlético realmente é culpa dele.