Presidente da Caoa Hyundai, Carlos Alberto Oliveira Andrades

A ameaça do presidente da Caoa Hyundai, Carlos Alberto Oliveira Andrade, de fechar a fábrica em Anápolis e ir embora, em caso de ser aprovado o substitutivo do deputado Lívio Luciano do projeto de lei do governador José Éliton (PSDB) que reinstitui os incentivos fiscais em Goiás, repercutiu mal entre aliados do futuro governador Ronaldo Caiado.

Caoa, como Carlos Alberto é conhecido, disse em entrevista ao POPULAR no sábado, que “nunca imaginaria uma calamidade dessa acontecer” e que Goiás vai perder “80 mil empregos diretos e indiretos” com a redução dos incentivos. O presidente disse ainda que isso vai interferir nos planos da Caoa Cherry em Anápolis, que anunciou investimentos de US$ 700 milhões para produção de 130 mil veículos e 150 mil empregos.

Caiadistas acham que números apresentados pelo CEO da Hyundai foram superestimados. Pediram a técnicos ligados a Secretaria da Fazenda para apurar os números do contrato entre a montadora e o governo de Goiás quando a empresa se instalou em Anápolis. Uma fonte consultada pela Sagres Online encontrou números bem diferentes dos apresentados pela Caoa ao POPULAR.

“Na época que trabalhamos com eles (Caoa), tinham 1.400 (empregos) próprios e cerca de 400 empregos de montadoras, quer dizer, de empresas terceirizadas que montam peças, como ar-condicionado, dentro da linha de produção. Não contam como próprio, mas são responsáveis por uma parte da produção. E o Tare (Termo de Acordo de Regime Especial) que determinava que eles deveriam produzir no mínimo 17 mil veículos/ano”, informou membro da equipe de transição. Esses dados mostram então que a Caoa gerou 1.800 empregos diretos e produzia 17 mil veículos, bem longe dos 80 mil empregos diretos e indiretos alegados pelo CEO da empresa.

O governador eleito Ronaldo Caiado tem dito a aliados que aceita discutir os termos da proposta apresentada pelo deputado Lívio Luciano (PSDB). Ele, contudo, observa que é necessário o Estado fazer a sua parte para resolver o desajuste fiscal e que se tudo estivesse bem Goiás “seria um Espírito Santo” e não estaria com um déficit fiscal tão alto.

Caiado está focado em mostrar que procura saída para as crises e elas passam pela revisão dos incentivos fiscais e por corte de despesas. Técnicos da equipe de Caiado argumentam que a proposta de Lívio Luciano mantém os incentivos fiscais acima da média dos incentivos dos demais Estados e, consequentemente, a competitividade de Goiás. Alegam que nos segmentos que os empresários alertaram que os cortes colocavam a cadeia em risco, a proposta foi revista.

No fim de semana a Federação da Indústria do Estado de Goiás (Fieg) emitiu nota defendendo a aprovação do projeto original do governador José Éliton, sem o substitutivo apresentado por Lívio Luciano, mesma posição da Adial, que quer que os impostos sejam reinstituídos como estão, proposta que não agrada o futuro governo. As divergências serão debatidas no encontro de Caiado com os empresários e que deve ter também a presença do senador eleito, Vanderlan Cardoso.