Depois de 24 anos, Estados Unidos e Irã voltaram a se encontrar em campo em um jogo de Copa do Mundo. Na primeira vez em que as equipes de futebol dos países se enfrentaram em um Mundial da Fifa, os iranianos levaram a melhor na 2ª rodada do Grupo F, em Lyon, na França. Nesta terça-feira (29), os americanos deram o troco.

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Em campo, pouco pode se destacar da partida, cuja vitória por 1 a 0 classificou os americanos para a segunda fase pela sétima vez em 11 participações no torneio. O atacante Christian Pulisic, do Chelsea-ING, neto de um croata que emigrou para os EUA e principal jogador de uma geração promissora, marcou o gol decisivo.

As discussões acerca do histórico duelo entre americanos e iranianos, mais de duas décadas depois do primeiro encontro, extrapolaram as razões táticas e técnicas. Afinal de contas, entre idas e vindas, os países não mantêm boas relações diplomáticas e se enxergam como verdadeiros inimigos geopoliticamente.

Outrora alinhado ao governo americano durante o conflito contra a União Soviética, o Irã rompeu com os EUA através da Revolução Iraniana, que depôs a monarquia iraniana em 1979. Entre outros motivos para a revolta popular, estava a influência americana no país. Posteriormente, os EUA financiaram o Iraque na guerra contra os vizinhos.

Duas décadas depois, no encontro na Copa da França, em 1998, o futebol ajudou a amenizar o relacionamento. Na ocasião, jogadores de ambos países posaram juntos para a foto oficial do jogo, e os iranianos entregaram flores brancas para os americanos antes da bola rolar. Em 2000, as equipes se encontraram em um amistoso em Los Angeles.

Mas tudo foi por água abaixo na década seguinte, a partir da política intervencionista do presidente americano George W. Bush, que voltou a piorar a relação entre os países. Depois do democrata Barack Obama buscar diplomacia em sua gestão, o republicano Donald Trump voltou a cortar os laços e estremecer ainda mais a situação.

No Catar, envolvidos em seus próprios problemas políticos e sociais, jogadores e federações não buscaram uma reaproximação como há 24 anos. O esporte tem o poder de mudar o mundo, mas nem o futebol serviu para ajudar uma cada vez menos provável conciliação entre americanos e iranianos.

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