No Brasil do passado, o som do trote das mulas anunciava a chegada dos tropeiros nos arraiais. No entanto, em meados do século XIX, tropeiros que empreendiam uma viagem de Jaraguá a Bonfim, atual Silvânia, não chegariam ao seu destino, fato que daria início à história de uma das cidades mais prósperas de Goiás.
Junto à tropa, estava Ana das Dores Ramos, viúva do Capitão Gomes Pereira Ramos, de Meia Ponte, atual Pirenópolis. Entre as bagagens dela, havia espaço para a imagem de Santa Ana, a qual era de sua devoção.
O burro que carregava no lombo a imagem da Santa, partiu em disparada em direção à mata mais próxima. Quando o animal fosse finalmente localizado, um episódio faria com que a tropa permanecesse de forma definitiva no local.
De tão pesada, os homens não mais conseguiam remover a imagem da santa de cima do burro. Desta forma, Ana das Dores, ou Dona Ana interpretou o fato como um sinal e resolveu, naquele mesmo lugar, construir uma capela em sua homenagem. O filho de Dona Ana então, iniciou a construção da obra, dando início ao ciclo de desenvolvimento de Anápolis.
A cidade completa, neste domingo (31), 109 anos de emancipação, e 143 anos desde que foi fundada. Assim como a história acima, a fundação do município ainda gera muitas discussões. O bacharel em História, José Leonardo Santana, conta que, durante muito tempo, a região onde hoje está edificada Anápolis, pertencia ao município de Pirenópolis.
“Em 1882, a mando da administração pública de Meia Ponte, o professor José da Silva Batista, passa a cuidar da administração do Arraial das Antas. Em meio ao contexto de fim de império, proclamação da República e fim da escravidão, esse professor luta pela emancipação da região. Em 31 de julho de 1907, Miguel da Rocha Lima, então presidente da província de Goiás, consolida a emancipação de Anápolis, tornando-se um município independente”, relata.
Desde então, a cidade se transformou. Conforme conta o ex-prefeito da cidade, Adhemar Santillo, a região que correspondia a Anápolis, depois de emancipada, deu origem a outros municípios.
“Brazabrantes, Nerópolis, Damolândia, Nova Veneza, Ouro Verde, Rodrigues Nascimento (Campo Limpo de Goiás), Goianápolis e, esta última, ainda originaria Terezópolis. Toda essa área era de Anápolis. O município hoje tem aproximadamente 1 mil km2 “, descreve.
Santillo detalha que Anápolis passaria então por readaptações e reestruturações agrícolas e econômicas. O município, que até então se destacava pela produção de arroz, feijão e café, passaria a ser o centro do estado na produção não apenas de grãos, mas também de cerâmica. Desenvolvimento que, em muito, se deve à estrada de ferro, que se estabeleceria na região em 11935 e permitiria à cidade fazer conexão e transporte com outras regiões como o Norte e o Sudeste do país.
“As principais cerâmicas de Goiás estavam em Anápolis, tanto que Goiânia e Brasília utilizaram muito material de Anápolis em suas edificações. Posteriormente, passamos para a área de comércio atacadista, também por conta da estrada de ferro. Assim, Anápolis se tornou um grande centro de compra e venda de cereais”, conta Santillo.
Uma das alavancas do desenvolvimento econômico da cidade foi o Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia), criado em 8 de setembro de 1976, durante a gestão estadual do então governador Irapuan Costa Júnior. O local conta com mais de 100 indústrias, como destaca o Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico e Agricultura, Air Ganzarolli.
“Hoje nós temos cerca de 170 indústrias instaladas. O Daia já está totalmente preenchido. Inclusive já há a necessidade de nós termos o segundo Daia. Temos como destaque a indústria farmacêutica, temos 34 laboratórios e hoje ela abriga em torno de 10 mil empregos. 70% dos medicamentos genéricos no país saem de Anápolis”, destaca Ganzarolli.
O secretário relata ainda que o porto seco de Anápolis, inaugurado oficialmente em 1999, constitui o município como um dos maiores importadores do Brasil. Além da questão industrial, Adhemar Santillo destacou ainda a importância da cidade como pólo educacional e universitário do estado. O município conta com diversas faculdades particulares, além da pública Universidade Estadual de Goiás (UEG), cuja sede fica em Anápolis.
No desporto, a cidade possui três equipes de destaque no futebol profissional: a Associação Atlética Anapolina, a popular “Rubra” ou “Xata”; o Anápolis Futebol Clube e Grêmio Esportivo Anápolis. O município conta com diversas praças esportivas, com destaque para o Estádio Jonas Ferreira Alves Duarte e o Ginásio Internacional Newton de Faria, com arquitetura moderna em formato de disco voador.
Atualmente, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Anápolis possui população estimada em 366.491 habitantes, constituindo-se o terceiro maior município goiano e a segunda maior potência econômica, com um produto interno bruto que supera os R$ 12 bilhões por ano.
Com informações da repórter Larissa Artiaga