O decreto do governador Ronaldo Caiado, que sairia nesta semana, tinha foco em restringir a abertura do comércio nas cidades com mais casos confirmados de coronavírus em Goiás. Porém, em entrevista à Sagres Caiado afirmou que o estado não consegue fazer a fiscalização das atividades comerciais, sem a ajuda dos prefeitos. O prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha, afirmou à Sagres nesta sexta-feira (15), que desde que foi publicado o decreto municipal, a Prefeitura está realizando um trabalho de orientação e fiscalização, e que inclusive, “alguns estabelecimentos foram fechados porque não estavam cumprindo aquilo que está em vigor”.

No decreto municipal, a prefeitura de Aparecida de Goiânia flexibilizou o isolamento social para a retomada das atividades econômicas, permitindo a reabertura de 82% do comércio instalado no município a partir do dia 28 de abril. Segundo Mendanha, o decreto foi elaborado a partir de um comitê técnico, que conta com representantes do Ministério Público, seguindo medidas e critérios para o funcionamento dos estabelecimentos comerciais. “Não é ir contra o que o governador tem colocado, mas entender que a realidade de Aparecida de Goiânia diferente da maioria dos municípios goianos, que não tem hospital próprio, que não tem UTI própria, até porque nós temos como como sinal vermelho, para o fechamento do comércio, a ocupação das UTI”.

De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde de Aparecida de Goiânia, o município coletou 1.190 amostras de material para realização de testes de diagnóstico de Coronavírus. Desde o fim de abril, a Prefeitura ampliou a testagem na cidade, que passou de 15 exames por semana para mais de 300. O prefeito ressaltou que o aumento do número de casos confirmados foi devido à ampliação da testagem e não por conta da retomada das atividades econômicas.

Aparecida de Goiânia possui 139 casos de covid-19 confirmados e 42 estão em análise. O município registra cinco óbitos pela doença. 1.009 resultados foram negativos e 67 recuperados. De acordo com Gustavo Mendanha, os índices são acompanhados diariamente e entende que a situação do município é “estável” em relação ao enfrentamento do novo coronavírus. “Temos todo aparato para manter o que estamos fazendo”, disse. Além disso, o prefeito afirmou que deve se reunir com empresários para “dividir a responsabilidade de cuidados” para continuar com as atividades econômicas funcionando sem perder o controle do isolamento social.

Gustavo Mendanha afirmou que o fator R (o número de indivíduos para quem cada pessoa infectada transmite o vírus) do município é de 1,2%, considerado “tolerável”. O prefeito avaliou que a pandemia deve seguir até que se tenha uma vacina ou remédio, o que deve “levar tempo”, por isso as atividades econômicas não podem paralisar para não serem prejudicadas. Ele revelou também que pacientes com covid-19 não serão mais encaminhados para o Hospital de Campanha (Hcamp) eles deverão ser tratados no município. “Estamos ampliando em 123 leitos para o tratamento do covid, sendo que 60 são semi UTI e o restante são UTI’s com respiradores”, disse. “Não estaremos mais enviando pacientes de Aparecida para ser tratado no Hospital de Campanha, todos eles serão tratados em Aparecida”.

Sobre a decisão do governador Ronaldo Caiado de adiar a publicação do novo decreto, Gustavo Mendanha afirmou que precisa tentar falar a mesma língua, mas ressaltou que não adianta dizer que o comércio está fechado sendo que continuam funcionando sem critério e sem fiscalização. “Não me furto de participar das discussões com relação ao Estado, mas não podemos, nesse momento, onde todo mundo está passando dificuldade, quem está falando muito sobre a doença que é muito séria, mas cada dia mais estou assustado da quantidade de pessoas estão passando fome na minha cidade, então se no momento eu tenho vagas de UTI disponíveis, eu não posso penalizar o comércio”.