Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (INPE) mostram que o Cerrado teve mais de 4.000 km² devastados entre o início de janeiro e o fim de julho deste ano. Em entrevista à Sagres, Elaine Barbosa, que é coordenadora do Laboratório de Processamento de Imagens e Geoprocessamento da Universidade Federal de Goiás(Lapig/UFG), revelou que apenas aproximadamente 50% do bioma ainda é de vegetação natural. 

Assista a entrevista na íntegra:

“Os dados de satélite e as metodologias de monitoramento remoto e geoprocessamento, que são utilizadas no mapeamento e monitoramento da vegetação, nos mostram que a gente tem cerca de 50%, um pouquinho menos, de Cerrado ainda existente”, disse.

A coordenadora do Lapig/UFG avaliou que os dados são alarmantes e mostram uma tendência de maiores índices de desmatamento. Segundo Barbosa, existe ainda o problema dessa vegetação natural estar fragmentada no território.

“Essa fragmentação não comporta toda a biodiversidade, ela não consegue restaurar e restabelecer a biodiversidade do ponto de vista que seria necessário para garantir uma boa qualidade ambiental do Cerrado”, analisou.

Segundo Barbosa, o aumento de desmatamento no Cerrado se tornou frequente devido às várias políticas e incentivos de ocupação do bioma, o que ocasionou a perda da biodiversidade, tanto da fauna quanto da flora. Na avaliação da especialista, o agronegócio é o grande vetor desse desmatamento.

Porém, Elaine Barbosa afirmou que o principal impacto da perda de vegetação nativa do Cerrado, já sentido há algumas décadas e em evidência nos últimos anos, é a questão hídrica.

“O Cerrado está na posição central do Brasil e é conhecido como o berço das águas, não à toa. A sua posição e estrutura geológica e geomorfológica garante uma boa drenagem dos rios das nascentes do Brasil como um todo. Das 10 grandes bacias hidrográficas do Brasil, oito tem suas nascentes no Cerrado”, explicou.

De acordo com Barbosa, quanto mais fragmentada maior será a dificuldade para determinada área conseguir consolidar uma resistência diante do desmatamento.

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