Várias cidades de Goiás estão, neste momento, vacinando idosos com 65 anos ou mais. Depois que o estado alcançar todas as pessoas com 60 anos, a campanha de imunização será direcionada para outros grupos prioritários, entre eles portadores de doenças crônicas e pessoas com deficiência permanentes e severas. Ao mesmo tempo, policiais e bombeiros, além do restante de profissionais de saúde que não atuam diretamente no enfrentamento à Covid-19 receberão as vacinas.

As informações são da superintendente de Vigilância em Saúde de Goiás, Flúvia Amorim. Em entrevista à Sagres, nesta manhã de quinta-feira (25/3), a superintendente citou o plano estadual de vacinação, que estabelece uma lista de grupos que devem ser imunizados de forma prioritária. Concomitante a imunização dos idosos até os 60 anos, Goiás vai imunizar o restante de trabalhadores da saúde e das forças policiais, como anunciado ontem pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado.

“A gente tem, ao todo, 228 mil trabalhadores da saúde. Vamos continuar a imunização daqueles que ainda não receberam a vacina. 5% das doses também serão destinadas aos policiais militares, civis, federais, rodoviários federais, guardas civis e bombeiros. Isso não significa que pararemos idosos. Vão ocorrer de forma simultânea”, explicou Flúvia. A estimativa, segundo o plano estadual de vacinação, é de que o grupo de trabalhadores das forças de segurança seja composto por 32.803 profissionais.

Ouça a entrevista na íntegra:

Fechados esses três grupos – idosos, forças de segurança e profissionais da saúde – Goiás inicia a vacinação para portadores de doenças crônicas e pessoas com deficiência permanentes e severas. “Estamos vendo com o Ministério da Saúde como vamos identificar essas pessoas portadoras dessas doenças, porque existe uma lista de doenças consideradas prioritárias”.

Segundo o plano de imunização entre na lista de doenças crônicas: Diabetes mellitus; hipertensão arterial grave – difícil controle ou com lesão de órgão alvo; doença pulmonar obstrutiva crônica; doença renal; doenças cardiovasculares e cerebrovasculares; indivíduos transplantados de órgão sólido; anemia falciforme; câncer; obesidade grau III.

DESAFIO DAS PREFEITURAS

O Ministério da Saúde tem a meta de aumentar em pelo menos três vezes a velocidade da vacinação e aplicar 1 milhão de imunizantes por dia. A intenção foi anunciada pelo novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, durante sua primeira coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira (24/3). Para a superintendente, isso é possível, mas a meta esbarra em vários problemas. A proporção para Goiás seria de 30 mil doses aplicadas por dia.

Ontem, Goiânia aplicou 16,6 mil doses em idosos a partir de 68 anos. “É possível sim, desde que a gente tenha doses de vacina e recursos humanos. Nesse momento está complicado. Tivemos muitas baixas de profissionais, que estão sendo removidos para a área da assistência. Além disso, a partir do dia 14, a gente já começa a vacinação contra a Influenza”, ressaltou.

EFEITO VACINA

Flúvia afirmou que o efeito da vacina na redução de internações e mortes na faixa etária de idosos que já receberam o imunizante ainda não é expressivo. “A gente começa a observar de uma forma muito discreta, visto que grande parte dos idosos acima dos 85 anos está recebendo a segunda dose da vacina agora. Veremos o impacto ainda nas próximas semanas porque a proteção se dá de forma mais efetiva 15 dias após a segunda dose. Mas mesmo com as primeiras doses vemos uma redução discreta das internações. E a gente espera que isso se reduza mais no decorrer da segunda dose”, explicou.

ISOLAMENTO

Ontem, Goiás voltou a bater recorde de casos confirmados em 24 horas: 5.409 novos registros. Foi o segundo dia consecutivo de recorde. Os números altos são registrados mesmo com os decretos municipais, que determinam o fechamento do comércio ou adotam medidas de restrição.

Para Flúvia, os números de casos só diminuem com ações rígidas e com a participação da população. “Nós vemos cidades fazendo coisas diferentes em momentos diferentes. E basta sair nas ruas, que vamos ver a movimentação intensa de carros. (…) Infelizmente, estamos vendo muitos serviços que não são essenciais funcionando. Pessoas entrando pelos fundos. Então não podemos usar esse argumento de que fechou tudo e não funcionou. Não fizemos do jeito que deveria ser feito”, ressaltou Flúvia.

A superintendente citou a cidade de Araraquara (SP), que proibiu a circulação de pessoas e o funcionamento de comércio e serviços em 21 de fevereiro. Depois de 1 mês do decreto de lockdown, a cidade do interior paulista registrou queda de 57,5% no número de infectados pelo coronavírus e de 39% nas mortes por Covid-19.

“Essa é uma forma correta. Se é pra restringir mobilidade, então restrinja. Agora, do jeito que fazemos pode diminuir por um tempo, mas oscila muito e não temos um efeito eficaz”, reforçou ao explicar que o impacto na redução de óbitos e internações demora a aparecer. “Não é algo rápido. Temos que ter cuidado ao argumentar que o decreto não funcionou. Precisamos analisar como fizemos e quando fizemos. Não é fechar sete dias e achar que a redução será de 50% no número de casos”, reforçou.