Em tempos de crise financeira por causa da pandemia do novo coronavírus, pessoas ligadas ao futebol pensam em economizar. Não ter o VAR nos jogos do Brasileirão 2020 seria uma das medidas, pois de acordo com a CBF, cerca de R$ 19 milhões seriam gastos com a tecnologia – R$ 12 milhões bancados pela entidade e os outros R$ 7 milhões pelos clubes – e com a queda nas receitas, especialmente dos clubes, ficaria impraticável. No entanto, para o árbitro goiano André Luiz Castro, 45 anos, da categoria máster da CBF, que em 2019 trabalhou 23 vezes como árbitro de vídeo, não ter o VAR seria retrocesso.

“O VAR veio pra ficar. É uma economia “porca”. Nos lances polêmicos foi feita a justiça. Ninguém foi campeão com um gol impedido. Ninguém passou de fase com um gol de mão. Claro que tivemos problemas nos lances de interpretação, mas que para este ano, estamos ajustando. O torcedor e a imprensa devem entender que o árbitro na cabine só deve interferir quando for um erro claro e óbvio. Tirar o Var é voltar à estaca zero”, ressaltou o árbitro, que acredita em um preparo maior dos profissionais pra quando a bola voltar a rolar.

“Antes do primeiro decreto, na metade de março, eu estava em Águas de Lindóia em um curso sobre o VAR. Eram seis dias de curso, mas no quarto dia tivemos que vir embora por causa da quarentena. Ali, nós já vimos qual protocolo será usado neste ano. Desde então, eles têm passado vídeos, com jogadas e todas as considerações sobre o VAR, como posicionamento do árbitro e o que seria marcado. Está tudo isso escrito isso hoje. É teórico, mas hoje estamos muito mais embasados para trabalhar com o VAR”.

No bate papo que teve com o Repórter Rafael Bessa, no programa Toque de Primeira, da Sagres 730, André Luiz Castro admitiu que em alguns lances, a demora na decisão atrapalhou, mas nem sempre por causa da equipe de arbitragem.

“Concordo que teve muita demora em alguns lances, na hora de definir, mas isso faz parte do processo, do primeiro ano do trabalho. Era novidade até para os operadores de câmeras, eles eram do ramo, mas nunca tinham trabalhado com futebol. E tem outras coisas que nem foram passadas para o público, como em alguns lugares, em plena revisão, caía a imagem e tínhamos que começar tudo de novo. O ano passado foi um aprendizado pra todo mundo. Fiz 23 jogos de VAR e não é fácil”.

Quanto à preparação durante a paralisação, além das aulas teóricas, uma programa com exercícios também foi passado aos árbitros pela equipe da FGF e da CBF. “Todos recebem esse treinamento pra não perder o pique, já que a qualquer momento vamos ser chamados para os campeonatos. Se for pra começar amanhã, estou pronto”, brincou André Castro, que acredita na volta do futebol no Brasil apenas no segundo semestre.

“Acredito que o Brasileiro só vai ter um retorno quando todos os clubes estiverem aptos. Acho que em julho ou agosto a gente volta aos campos”, finalizou.