A cidade reivindica mais segurança, e o fato é que o poder público não tem planejamento para enfrentar a criminalidade crescente e investe na violência legítima, aquela praticada pelo Estado. Os governos estão armando seus agentes, não aqueles que lidam diretamente com os bandidos, mas aqueles que, em tese, lidam com a população.

É o caso da Guarda Civil Metropolitana de Goiânia, criada para fazer a segurança em escolas, parques, praças e unidades de saúde publicas. São agentes responsáveis pela proteção do patrimônio, bens, serviços e instalações públicas municipais e funcionam também como apoio à administração municipal no exercício de seu poder de policia em questões relacionadas à segurança urbana preventiva e à defesa civil. Ou seja, eles acompanham um fiscal ou um agente municipal em uma apreensão.

Não é função do guarda municipal enfrentar bandido e, por isso, até então, ele podia utilizar apenas armas de choque elétrico, que apenas contém a vítima. Afinal, quem lida com bandido é a Polícia Civil, preparada para esse enfrentamento. Há quem diga que os 130 agentes da Guarda Metropolitana que vão portar armas de fogo foram treinados para lidar com o equipamento e, a partir de agora, terão autoridade para prender suspeitos e efetuar a apreensão de mercadorias ilegais.

Mas será que foram treinados para – armados – lidar com a população desarmada? Porque, do outro lado, não vai estar um bandido, mas os usuários da rede pública de saúde que, irritados com a falta de atendimento, podem ficar exaltado; alunos das escolas públicas e frequentadores de praças e parques. A partir de agora, os guardas municipais vão lidar com os problemas provocados com arma em punho.

Não são só os guardas municipais que serão armados. Os agentes prisionais também reivindicam o uso de arma. Consideram legítimo porque lidam com bandidos. Todavia, esses bandidos estão atrás das grades e, imagina-se, sem armas. O Projeto de Lei que regulamenta o porte de arma para agentes prisionais foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados. Os agentes prisionais poderão inclusive portar arma de fogo de propriedade particular.

A decisão de armar os agentes administrativos demonstra a incapacidade do poder público em lidar com o aumento da criminalidade pelas vias normais, usando da prevenção e da inteligência. As autoridades não percebem que, criando mais polícia armada, estão aumentando a violência nas ruas, e não reduzindo a criminalidade.