Sensibilidade, sofrimento, conflitos. Situações que sempre são relacionadas às mulheres, ao lado feminino da força. Mas o autoconhecimento é um tema que começa a despertar o interesse dos homens. Segundo o psicoterapeuta Rogério Lourenço, em entrevista ao Sagres em Tom Maior desta quinta-feira (15), a mudança acontece, mas a passos lentos.
“Os homens ainda não se permitem culturalmente. Homem tem que ser forte, homem não pode se sensibilizar com as coisas. Na verdade, o homem também sofre, também tem seus sentimentos, seus conflitos”, afirma.
Para quebrar este paradigma, Rogério Lourenço conta que faz parte de um grupo de estudo sobre autoconhecimento masculino. Ele enumera o que tem aprendido e o que é preciso para iniciar a mudança.
“Criar oportunidades de nós podermos compartilhar, falar da nossa realidade, eu sinto que é muito curador. Está sendo muito bom para mim, pessoalmente, participar de um trabalho desses. Dizem que as mulheres têm um lado mais sensível, mas os homens também têm”, afirma.
Segundo o psicoterapeuta, um dos maiores desafios para essa quebra de paradigma é aceitar a necessidade do autoconhecimento e do respeito ao próximo, independente de raça, cor, gênero ou crença.
“Que o ser humano, independente de gênero, se respeite profundamente. É vestir a camisa da vida e fazer a sua parte”, afirma. “Acredito que esses valores estão sendo transformados, vêm sendo ressignificados e vêm melhorando”, complementa.
Rogério Lourenço avalia que comportamentos como o machismo e a intolerência já começaram a sofrer mudanças. Para ele, é importante que as gerações comecem a ter percepções diferentes em relação ao que se aprendia no passado, e exemplifica.
“É importante rever que esse modelo não serve mais. Lembro que fiz uma brincadeira com minha esposa e ela não gostou. Ela entendeu como uma brincadeira machista. Era uma brincadeira que meu pai fazia muito e eu aprendi com ele. Eu fui ver que não está cabendo mais aquela brincadeira agora, que a realidade me mostrou. É importante ter essa disposição de estar aberto ao novo”, conclui.
Confira a entrevista a seguir no STM #247