A cidade está sendo loteada e o fato é que a fiscalização não consegue conter a ação de flanelinhas, vigilantes de carros que cobram por vagas de estacionamento em vias públicas e também em áreas privadas. No fim de semana passado, equipes da Secretaria de Fiscalização, da Guarda Municipal e Polícia Militar retiraram os cones que os flanelinhas utilizam para demarcar seus territórios nas ruas e avenidas da capital. Os flagrados não foram punidos, apesar de estarem se apropriando indevidamente de espaços públicos. Foram apenas alertados que, caso reincidam na prática, podem vir a serem multados em até R$ 250.
{mp3}stories/2013/Novembro/cidade_25-11-2013{/mp3}
É essa atitude leniente com os infratores que incentiva a privatização dos espaços públicos. Atualmente, quem quiser estacionar o carro nas imediações de restaurantes, bares ou boates de Goiânia é obrigado a pagar entre R$ 5 e R$ 10 reais aos flanelinhas. Não se trata, como eles argumentam, de uma contribuição voluntária. Há um preço já estipulado a ser pago, às vezes, pago adiantado.
Caso o motorista se negue a ser extorquido, é aconselhado a deixar a vaga sob a ameaça velada de ver seu carro danificado; pneu furado e lataria arranhada. Nas redondezas de locais de festas, shows e jogos de futebol, a cobrança é ainda maior: chegam a cobrar R$ 20 reais em troca de uma falsa segurança. Não são raras as vezes em que o próprio flanelinha se coloca como cumplice do ladrão para roubar estepes, antenas e aparelhos de som. Ele vigia o dono do carro para o bandido roubar.
Mas por que isso acontece? Porque para algumas pessoas da administração pública isso é emprego informal. Isso mesmo. Movimenta a economia da cidade. Realmente movimenta, assim como o tráfico de droga também movimenta e, da mesma forma, é ilícito. As autoridades que deveriam proibir o loteamento da cidade se fazem de surdas e cegas porque consideram que permitir a extorsão dos flanelinhas um mal menos que os tê-los desempregados, aumentando as estatísticas negativas da capital.
Mas quem paga essa conta é o morador de Goiânia, aquele que já paga imposto para construir manter as ruas e avenidas da cidade e que, por ineficiência da administração pública, é obrigado a pagar o salário de quem lhe extorque sempre que possível.