Fotos: Rosiane Braga/ Portal 730

É com carisma que o paulista Waldomiro Bariani Ortêncio nos recebe em sua casa no Centro de Goiânia. O encontro é em seu local de trabalho, uma biblioteca com um grande acervo, fotos de capas de livros, obras suas e de colegas goianos, clipings do escritor e LPS mostram que além de um homem sábio, muitas histórias habitam por ali. Morador da capital desde 1938, o escritor conta que seu avô era italiano e trouxe a família para as terras goianas para montar a sua serraria (a primeira indústria urbana de Goiânia). Segundo ele, quando chegou Goiânia não existia, apenas um canteiro de obras, Bariani lembra a cidade de Campinas.

Waldomiro declara com entusiasmo que aos 15 anos tornou-se goleiro do Atlético. O time goiano iria disputar uma partida com o time anapolino e não tinha goleiro, muito empolgado o jovem paulista não conteve suas habilidades em campo. A partir daí consolidou-se “paulistinha”, o mais novo jogador do Atlético. Aproveitando a oportunidade, Bariani abriu o Bazar Paulistinha (estabelecimento pioneiro da capital). Estudou no Lyceu de Goiânia e após concluir o “Ginásio e Científico”, esperou dois anos até a fundação da Faculdade de Farmácia e Odontologia ao qual fez apenas o primeiro ano de Odontologia. Diz que desistiu dos estudos por causa da loja e do casamento. 

O escritor ressaltou que Pedro Ludovico Teixeira era um médico muito instruído, mas teve muitas dificuldades para desenvolver o município: {mp3}stories/audio/2012/Outubro/Construção_de_Goiânia_1{/mp3}

DSC04200De acordo com ele, a capital do estado de Goiás era para ser localizada em Bonfim (Silvânia), pensavam que para fazer uma capital moderna no Centro do Brasil tinha que ser onde tinha estrada de ferro, enquanto ferro vinha do Rio de Janeiro, madeira do Paraná, cimento de São Paulo por meio de transporte ferroviário. Como o Estado não tinha dinheiro para indenizar as terras, portanto a família Moraes de Campinas doou as terras para construção da capital sem perspectivas de aumento, pois não era possível construir uma cidade sem estrada de ferro. “Demorei 40 anos e escrevi o livro, publicado em 2010 que chama Campinas Documentada, de 1810 a 2010, os 200 anos desde quando começou como povoado, depois patrimônio, cidade e bairro”, informou.

Memória viva de Goiás, o pioneiro Waldomiro Bariani Ortêncio fala com satisfação que “Goiânia é uma cidade que tem de tudo, não precisa sair daqui para nada. A gente sai fica uns dois dias fora e fica doidinho para voltar porque aqui é muito bom”. Bariani explicou que a única coisa que o incomoda no município é o trânsito da cidade, para ele é falta de planejamento. Conhecedor da culinária goiana, o escritor não aponta um prato goiano de sua preferência, mas fala do pequi como referência. Com 40 obras escritas, o também presidente da Associação de Proteção ao Bosque dos Buritis, revela que 40 anos frequenta a reserva ecológica. “40 e poucos anos vou todos os dias, bolar minhas coisas lá com o oxigênio das plantas, é a minha inspiração”, finalizou.

“O que eu falo é que aqui a gente tem que elogiar a cidade, ajudar a colaborar com as autoridades, porque essa cidade é como a nossa casa e hoje a política anda muito diferente. Então vamos rezar para que os governantes administrem a cidade como ela nasceu e está progredindo como uma cidade abençoada” (Bariani Ortêncio)

Parabenizando Goiânia pelos 79 anos e com um sorriso no rosto, Bariani já pensa no ano que vem, quando a capital do estado de Goiás completará 80 anos.