Você já ouviu falar sobre biomimética? É a área que estuda os princípios criativos e as estratégias da natureza, que visam a criação de soluções para os problemas atuais da humanidade, com a união de funcionalidade, estética e sustentabilidade.
Na prática, já é possível encontrar a biomimética em diversas áreas. Uma delas é a odontologia, como explica a mestre e doutoranda em Odontologia Restauradora, Ana Beatriz Gomes, em entrevista à Sagres TV, nesta sexta-feira (19).
“Começou-se a estudar sobre isso há mais ou menos 20 anos, principalmente com o professor Pascal Magne, que estuda bastante sobre esse tema. Essa ideia de biomimética nada mais é do que respeitar e também tentar reproduzir a biomecânica do dente natural”, afirma.
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A estrutura do dente apresenta a mesma forma e composição há mais de 3 mil anos, formada por esmalte, dentina, junção amelo dentinária e tecido pulpar. A variação estrutural do órgão dental se dá por atuação de forças externas, como cárie, doença periodontal, parafunções, ataques químicos e físicos, que promovem modificação desse sistema.
“Se pensarmos no dente natural humano, há vários tecidos, estruturas diferentes como esmalte, dentina, a junção amelodentinária (JAD), a polpa e todos os tecidos de suporte. Então, quando a gente estiver diante de uma abordagem restauradora, a gente precisa tentar reproduzir a mecânica do tecido natural”, destaca Ana Beatriz.
Na odontologia, a biomimética apresenta alta aplicabilidade. Ela está diretamente relacionada à restauração de um material escolhido para um órgão dental que apresenta perda estrutural. O material odontológico deve, por obrigação, permitir a recuperação biomecânica do dente original por meio da restauração, como explica o professor de Odontologia Guilherme Saavedra.
“A gente consegue fazer não um transplante, mas remover um dente, por exemplo um dente do ciso, um terceiro molar, que será inutilizado, e melhorar a morfologia desse dente e cimentar como se fosse uma prótese, uma coroa, em outro ou no mesmo paciente caso venha perder o dente”, afirma. “Isso acaba promovendo o aproveitamento de um órgão que seria descartado”, complementa.
