Até o amistoso contra o Cuiabá, no último sábado (1º), quando o Goiás perdeu por 1 x 0, acredito que a comissão técnica do Goiás, principalmente o técnico Ney Franco, estavam esperando pela entrada do meio-campista Daniel Bessa na equipe titular, para dar ao time, aquilo que não conseguiu demonstrar durante os jogos disputados na primeira fase do Campeonato Goiano e nem nos amistosos após o retorno ao trabalho, depois da paralisação obrigatória em função da pandemia: interatividade.

É a interatividade que propicia ao time o mais fundamental dos aspectos para ser vencedor, a força do futebol coletivo. A interatividade de uma equipe, independente do esquema tático que esta adota, é ditada pelo meio-campo, que liga o lado direito ao lado esquerdo, para que os atletas que jogam pelos lados, sobretudo os alas, quando partem para o apoio ofensivo, façam de forma segura, a transição da bola do campo de defesa para o campo de ataque, onde os espaços para a armação das jogadas agudas são criados, a partir da movimentação dos jogadores e da bola.

O principal responsável pela interação de uma equipe é o meia de armação, também identificado no vocabulário do futebol, como camisa 10. No início do ano, o Goiás trouxe o Daniel Bessa justamente para cumprir esta função. Jogador de currículo rico, que muito cedo deixou o Brasil, para atuar no futebol europeu e que por lá, a exemplo do que fez no início da carreira no futebol gaúcho, brilhou.

Daniel Bessa chegou cercado de boas expectativas e logo que entrou em campo já decepcionou quem estava esperançoso. Não deu conta de jogar. Veio então a alegação da falta de preparo físico e de readaptação ao futebol brasileiro, coisa que o tempo resolveria.

O Goiás colocou seu departamento de preparação física, dotado de excelentes profissionais e com o que há de mais moderno em termos de estrutura, para qualificar o jogador. Foi por isto que nos primeiros amistosos após o retorno aos treinamentos, ele não apareceu no time titular. Estava sendo preparado. Apareceu no jogo contra o Cuiabá e foi exatamente aquilo que havia sido nos jogos do Campeonato Goiano, um jogador incompetente para ser o camisa 10 do Goiás e o que vimos foi um time desarticulado coletivamente, sem interação entre os setores, tentando sobreviver no amistoso, de algumas jogadas individuais isoladas.

No próximo domingo, dia 9 de agosto, o Goiás estreia na Série A, contra o São Paulo, que também tem seus problemas e vive uma fase de produtividade baixa, ou seja, um adversário bom para somar pontos, só que o Goiás convive com os problemas que pontuei acima.

O técnico Ney Franco falou, após a derrota para o Cuiabá, que o time precisa ser reforçado para cumprir um bom papel, na Série A, só que nenhum reforço chegou até agora e se chegar não vai dar tempo de ganhar condição de jogo, para domingo (9).

Assim, o Goiás vai com o que tem, e o que tem vai obrigar ao treinador utilizar um esquema tático que dê a equipe a condição de jogar em bloco, para não abrir espaço para o adversário e tentar surpreender o São Paulo, com jogadas em velocidade no ataque.

Pode dar certo? Pode. Mas não é o ideal e a diretoria do Goiás precisa providenciar com urgência, um camisa 10 para o técnico Ney Franco.

Outro setor em que vejo onde o Goiás está fragilizado é a ala direita. O gringo Pintado é o titular, jogador que até aqui rendeu pouco… quase nada. Pode até ser que com um camisa 10 qualificado ele renda mais, mas avalio que junto com o camisa 10, a diretoria deveria também trazer um atleta para esta posição, porque as outras duas opções do elenco, Yago Rocha e Vidal, são ainda mais fracas que o Pintado.