JORNAL USP – O Centro de Pesquisa e Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI) estuda tecnologias para integrar parques eólicos offshore à rede elétrica do País. Renato Machado Monaro, professor da Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP), um dos fundadores e membro do grupo de pesquisa do Laboratório de Redes Elétricas Avançadas (LGRID) e coordenador do projeto de investigação das tecnologias de transmissão offshore na costa brasileira (TransBRcoast), discorre sobre o andamento do projeto e seus objetivos.
Potencial
Segundo o professor, o Brasil tem um alto potencial de produção de energia eólica offshore, a qual é obtida através da força do vento que sopra em alto-mar. Por isso, ele afirma que é fundamental o investimento na implantação e nos estudos desse tipo de energia limpa, inclusive na busca por maneiras de trazer esse potencial para as turbinas eólicas onshore, que estão localizadas dentro do continente.
De acordo com o especialista, praticamente toda a costa brasileira possui empreendimentos de energia offshore rentáveis, com destaque para estados como Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo e Rio Grande do Sul. “Temos na ordem de 92 pedidos de licenciamento de parques offshore no País, em um montante de cerca de 220 gigawatts. Então, é um número expressivo de empresas interessadas em desenvolver esses projetos”, esclarece.
Plataformas
Conforme Monaro, um dos objetivos do projeto é alimentar as plataformas de exploração de petróleo com a energia offshore para diminuir a emissão de carbono na atmosfera. Ele afirma que essa energia poluente é utilizada atualmente para abastecer os processos elétricos da estrutura e o intuito é conectar a energia produzida pelas turbinas eólicas e conectá-la às plataformas através de cabos submarinos para diminuir os níveis de poluição produzidos nesse setor.
“Esse é um projeto de 36 meses e nós estamos no décimo, então faltarão cerca de 26 meses ainda. Estamos na fase de entender onde estão esses empreendimentos, quais são essas tecnologias e já temos uma equipe de cerca de 12 pesquisadores envolvidos no projeto e na busca por essas respostas”, explica.
Sucesso das energias renováveis
Segundo Renato Machado Monaro, o caminho de produção de energia limpa é uma tendência mundial e o Brasil precisa seguir nessa pesquisa para se manter em uma posição estratégica no desenvolvimento de produção de energia a partir do vento, sol e biomassa. Ele afirma ainda que qualquer mínima eficiência que seja conquistada a partir de um parque eólico já deve ser valorizada, uma vez que apresenta melhores resultados em termos de redução da poluição atmosférica.
“O Brasil precisa e deve seguir nisso com certeza e nós temos uma janela, porque todos os países estão nos perseguindo, isso é uma tendência do globo, de todas as nações. O Brasil tem uma posição estratégica, estamos numa condição invejada por outros e se a gente fizer o nosso desenvolvimento enfrentar esse problema com seriedade e avançar, garantir a liderança nesse tipo de setor por muito tempo, o Brasil pode ser um protagonista e um líder nessa área de energias renováveis”, finaliza.