Descobrir que está com câncer e ter que trocar a maior parte do tempo em casa e com a família para ficar em um hospital. Se para um adulto já seria difícil, imagine para uma criança. Um cenário que a psicóloga hospitalar do Hospital de Câncer Araújo Jorge (HAJ) em Goiânia, Fabiana Persijn, presencia diariamente.

Em entrevista ao Sagres Em Tom Maior desta terça-feira (15), ela explica que a melhor forma de fazer a criança entender essa nova realidade é por meio da ludicidade, ou seja, brincando.

Assista à entrevista a seguir a partir de 01:15:00

”O brincar é uma forma de autoinspeção da criança, é natural da criança. A gente utiliza o brincar para explicar para ela sobre o tratamento, para ela ter uma adesão maior ao tratamento, explicar o processo de adoecimento e tudo o que ela vai passar”, afirma.

Único do Centro-oeste a tratar integralmente crianças e adolescentes, o HAJ atende anualmente mais de 4 mil com idade entre 0 e 18 anos. Fabiana Persijn afirma que o tratamento é bastante invasivo, e a humanização da assistência, ou seja, o diálogo lúdico, com brincadeiras, jogos e desenhos, se torna o principal aliado neste processo.

”Acaba furando muito as crianças para fazer exames de sangue, tomar soro, quimioterapia, então a gente explica para a criança de uma forma lúdica tudo o que ela vai passar durante o tratamento. A gente chama de ‘o caminho do tratamento”’, esclarece.

Este tipo de atuação se torna ainda mais importante diante da fragilidade do paciente oncológico, já que a doença atinge o sistema imunológico da pessoa e em diversos casos é necessária uma internação prolongada, alterando toda a rotina do enfermo e da família.

Os pais também fazem parte do processo lúdico. Segundo Fabiana, uma criança que fazia tratamento com leucemia no hospital respondia bem, até que começou a sentir muitas saudades da família. A primeira internação nestes casos é longa, de 20 a 30 dias.

”A gente tenta de todas as formas deixar o ambiente mais tranquilo e mais leve para elas”, explica, reforçando que as crianças que recebem a explicação e realmente entendem as etapas do tratamento se mostram mais confiantes e empenhadas na recuperação.

Um levantamento do Instituto Nacional de Câncer (Inca) mostrou que até o final de 2022 quase nove mil meninos e meninas devem ser diagnosticadas com câncer no Brasil – número que coloca a doença no topo do ranking de principais causas de morte entre os pequenos e torna ainda mais relevante o trabalho realizado pela Pediatria do Hospital de Câncer Araújo Jorge (HAJ).