(Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil)
O governador Ronaldo Caiado (DEM) minimizou a declaração do deputado federal Eduardo Bolsonaro de defesa do AI-5 em caso de “radicalização das esquerdas”. Em entrevista à imprensa no intervalo do jogo Goiás x Flamengo, no Estádio Serra Dourada, na noite desta quinta-feira (31), o governador disse que “quem tem que dar resposta ao assunto é exatamente ele [Eduardo]” e que não cabe a mim fazer um comentário”.
“Hoje nós vivemos um processo democrático, estabelecido, instalado, com todas as instituições funcionando normalmente, o Brasil está preparado para isso. Você deve perguntar também se vale a pena, a todo momento, criar fatos que não procedem, que não tem a menor sustentação, para criar um clima como esse de instabilidade no país, comprometendo também a viagem do Presidente da República no exterior”.
Na sequência, o governador afirmou que é preciso fazer o equilíbrio e que as pessoas devem respeitar o resultado das urnas. “As urnas estão aí, Jair Bolsonaro é o presidente e ele estará cada vez mais nos ajudando no Estado de Goiás, tem o governo) o apoio do presidente, tem apoio dos ministros do governo. Amanhã [esta sexta-feira, 1º] o ministro Tarcísio [Gomes de Freitas, de Infraestrutura] estará em Porangatu fazendo com que a rodovia 153 seja duplicada que é o sonho de todo goiano. Nós já ganhamos a Ferrovia Norte-Sul, ganhamos a Ferrovia da Integração do Centro-Oeste. Nesse momento eu vou dizer uma coisa só, as fofocas a gente deixa de lado e vamos trabalhar que é isso que o goiano quer neste momento, trazendo investimento”.
Caiado voltou a dizer que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) já esteve em Goiás cinco vezes e virá pela sexta, em 8 de novembro, para entregar ônibus para transporte de estudantes a todas as escolas no Estado, segundo informou. Em entrevista à Sagres 730, nesta sexta-feira, o deputado Alessandro Molon (PSB/RJ) estranhou a posição do governador. “Caiado sempre manifestou apreço pela democracia”, disse.
Ele supõe que essa posição seja por interesse do governador de ter parcerias administrativas com o governo do presidente Bolsonaro, mas observou que ele sabe da “gravidade dessa declaração”. O deputado recolhe assinatura de partidos (16 criticaram a fala do filho do presidente) para apresentar uma representação contra ele no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados.
Repercussões
Nesta quinta-feira em entrevista ao canal no YouTube da jornalista Leda Nagle, Eduardo Bolsonaro afirmou: “Se a esquerda radicalizar a esse ponto, vamos precisar dar uma resposta. E essa resposta pode ser via um novo AI-5, pode ser via uma legislação aprovada via plebiscito, como ocorreu na Itália. Alguma resposta vai ter que ser dada”, declarou.
A declaração provou forte repercussão política. Entre os que condenaram o filho do presidente estão dois aliados próximos do governador Caiado, os presidentes da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre. “Manifestações como a do senhor Eduardo Bolsonaro são repugnantes, do ponto de vista democrático, e têm de ser repelidas como toda a indignação possível pelas instituições brasileiras. A apologia reiterada a instrumentos da ditadura é passível de punição pelas ferramentas que detêm as instituições democráticas brasileiras”, disse Maia em nota.
Também por meio de nota, o presidente do Senado condenou as declarações do filho do presidente. Disse “ser um absurdo ver um agente político, fruto do sistema democrático, fazer qualquer tipo de incitação antidemocrática. E é inadmissível essa afronta à Constituição. Não há espaço para que se fale em retrocesso autoritário. O fortalecimento das instituições é a prova irrefutável de que o Brasil é, hoje, uma democrática forte e que existe respeito”, disse.