Junho foi o mês dedicado a uma campanha com o objetivo de promover a conscientização sobre práticas sustentáveis. Em entrevista ao programa Tom Maior, a socióloga Gabrielle Andrade destacou a urgência de trazer o tema para o cotidiano das pessoas, mostrando que pequenas atitudes podem ter grande impacto na preservação do meio ambiente.

“Quando eu era pequena, uns anos atrás, parecia que os problemas ambientais eram muito distantes. Eu pensava: o que eu, como indivíduo, posso fazer para melhorar o meio ambiente?”, contou Gabrielle. Ela relembrou sua infância no Mato Grosso, estado com vastas reservas naturais, e enfatizou que a campanha Junho Verde busca justamente aproximar a população da ideia de que cada pessoa pode contribuir com a preservação ambiental.

Gabrielle explicou que o consumo consciente ainda é um grande desafio na era digital, dominada pelas redes sociais e pelo apelo do consumo rápido. “Hoje estou com o celular do momento, mas amanhã ele já não é mais o do momento, e eu vou ter esse desejo de comprar de novo”, disse.

Ela alertou para o poder das redes de impulsionar comportamentos consumistas: “Nas redes sociais, somos levados a acreditar que seremos melhores se comprarmos certos produtos. Por isso, precisamos estar atentos o tempo todo”. Ao ser questionada se o consumo sustentável é um privilégio ou se pode ser acessível a todos, Gabrielle foi enfática:

“Quando a gente fala sobre consumo sustentável, a pessoa imagina que precisa comprar fralda ecológica de 400 reais, copo caro, canudo caro. Mas, na verdade, podemos mudar hábitos básicos do dia a dia. Fechar a torneira enquanto escova os dentes, economizar na hora de lavar a louça, tomar banhos mais curtos”.

Ela também destacou tendências que ajudam a adotar um estilo de vida mais sustentável, como o armário cápsula e o consumo minimalista. “Quero citar uma frase atribuída ao Pepe Mujica: ‘Pobre é quem precisa de muito para viver’. Isso começa na forma como pensamos e, consequentemente, na maneira como consumimos”.

A educadora defendeu ainda que a mudança de cultura necessária para um desenvolvimento sustentável passa, obrigatoriamente, pela educação. “A educação é a base de tudo. Não tem como melhorar a sociedade se não pensarmos em uma educação melhor. Estamos em um país que não tem professores de educação ambiental no ensino básico; em muitos lugares, o tema só aparece em campanhas pontuais como o Junho Verde”, criticou.

Gabrielle, que também é professora de Direito, chamou atenção para a pouca atenção dada ao tema mesmo em cursos universitários. “No Direito, temos um ou dois semestres no máximo de direito ambiental. É um assunto deixado de lado. Para mudar essa realidade, precisamos formalizar a educação ambiental desde cedo”, defendeu.

Ela concluiu alertando que a falta de consciência ambiental coloca a própria humanidade em risco. “Nós somos uma espécie que precisa do meio ambiente para sobreviver. Não adianta dizer que o meio ambiente precisa de cuidados se não tratarmos desses temas em sala de aula de forma formal e contínua”.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030, da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 13 – Ação Contra a Mudança Global do Clima.

Leia mais: