Em entrevista ao programa Pauta 1, a professora Sandramara Chaves, ex-vice-reitora da Universidade Federal de Goiás (UFG), reafirmou seu compromisso com a valorização da universidade pública ao apresentar sua candidatura à reitoria para o mandato de 2026 a 2029. Integrante da chapa 1, UFG Atenta e Forte, ao lado da professora Camila Caixeta, Sandra destacou os desafios enfrentados pela instituição e suas propostas para o futuro.
Sandramara, que já exerceu interinamente o cargo de reitora e foi vice-reitora na última gestão, lembrou o contexto delicado que marcou sua trajetória administrativa, especialmente durante o governo anterior. “Enfrentamos um período extremamente difícil na universidade. Além de cortes de orçamento e contingenciamentos, também tivemos que lidar com a pandemia”, relembrou.
Em 2021, sua chapa foi a mais votada na consulta pública, mas não foi nomeada pela Presidência da República, fato que, segundo ela, fortaleceu seu compromisso com a instituição. Sobre o momento atual, Sandramara destacou a mudança no cenário político, embora tenha alertado para a lentidão na recomposição orçamentária.
“Temos um governo que volta o seu olhar para a universidade, mas ainda estamos num processo muito difícil de recuperação de orçamento. Essa recuperação não está se dando na velocidade que a universidade precisa para fazer frente a todas as suas demandas”. Durante a entrevista, a candidata ressaltou a importância da escuta ativa da comunidade universitária na construção das propostas de sua chapa.
Uma das principais prioridades, segundo ela, é a ampliação da assistência estudantil e da infraestrutura de permanência dos alunos. “Hoje, o recurso que a UFG recebe para assistência estudantil é o mesmo de 2017. Isso é inaceitável diante das demandas atuais. Precisamos lutar por mais recursos, construir novos restaurantes universitários e garantir a permanência dos nossos estudantes”, pontuou.
A defasagem no quadro de pessoal técnico-administrativo também foi destacada como um ponto crítico. “Nossa relação é de 0,75 técnico por professor. É urgente a conquista de mais códigos de vaga junto ao Ministério da Educação, tanto para técnicos quanto para docentes, para que possamos atender adequadamente aos cursos e às demandas da universidade”, explicou.
Ao falar sobre as propostas para a nova gestão, Sandramara reforçou seu compromisso com a recuperação da infraestrutura, o fortalecimento do ensino, pesquisa, extensão e inovação. “Queremos investir na manutenção da universidade, na melhoria dos laboratórios, e também nas condições de trabalho dos pesquisadores. A universidade precisa de um olhar comprometido com as pessoas que a constroem todos os dias”, disse.
A consulta pública para escolha da nova reitoria da UFG está prevista para o fim deste mês. Até lá, os candidatos seguem apresentando suas propostas e dialogando com a comunidade acadêmica em busca de apoio. “A UFG precisa ser uma universidade pública, gratuita, de qualidade, inclusiva, socialmente referenciada, que acolha e valorize a diversidade e a pluralidade que a compõem”, finalizou Sandra Amara.
Ela ainda destacou os principais desafios da gestão universitária em um contexto de limitações orçamentárias e defendeu uma atuação baseada em experiência, diálogo e ação. Se eleita, ela será, ao lado de sua vice, parte da primeira chapa composta exclusivamente por mulheres a assumir a reitoria da instituição.
A professora enfatizou que, embora o governo federal tenha demonstrado disposição para o diálogo e afirmado que não haverá bloqueios orçamentários, o cenário financeiro continua desafiador. “Mesmo que o governo tenha sinalizado que não fará bloqueios em relação às universidades federais, há uma dificuldade em relação a um orçamento mais amplo. Eu acredito que este é o grande desafio da gestão na universidade”, avaliou.
Para enfrentar essa realidade, a candidata propõe uma gestão que una experiência administrativa com uma escuta ativa da comunidade universitária. “Eu acredito que é possível agregar forças com a comunidade universitária, com as entidades representativas dos técnicos, dos professores e dos estudantes, para que nós possamos fortalecer a luta para a valorização das universidades públicas”, afirmou.
Ela também destaca que nem todas as soluções dependem exclusivamente de grandes recursos financeiros. Segundo ela, há demandas que podem ser atendidas com ações internas, aproveitando a expertise dos profissionais da própria UFG. “Hoje, a universidade tem condições de dar respostas a qualquer área que for demandada. Nós temos profissionais capazes para isso”, garantiu.
Entre as propostas apresentadas, estão o combate à evasão estudantil, a valorização dos servidores técnico-administrativos, a qualificação permanente da comunidade acadêmica e o uso de novas tecnologias, como a inteligência artificial. A candidata defendeu uma universidade conectada aos avanços científicos e tecnológicos: “Essas ferramentas podem ser utilizadas em benefício das necessidades da universidade, fortalecendo os nossos processos formativos”.
Ela também comentou sobre a recente queda da UFG em um ranking internacional de instituições de ensino superior. A universidade caiu da posição 1.085 para 1.119. Apesar disso, acredita que a qualidade da UFG permanece sólida. “A qualidade do ensino, da pesquisa, da extensão, da produção de conhecimento na UFG é inegável. Os estudantes da UFG ocupam postos importantes no Brasil e no exterior”, afirmou.
Sobre a proposta de institucionalizar o diálogo com a comunidade universitária, a professora reiterou sua experiência com gestão participativa. “Gabinete aberto, reuniões periódicas com gestores, presença constante nas unidades acadêmicas. A gestão na universidade é compartilhada. As decisões são colegiadas. Sempre foi a nossa prática, e continuará sendo”, garantiu.
Ela também falou sobre a expansão da UFG com a criação do campus em Cidade Ocidental, no entorno do Distrito Federal, e rebateu críticas de que o novo campus poderia sobrecarregar a universidade. “O recurso que vem é específico para o campus Cidade Ocidental. Não pode ser utilizado em outras unidades. É uma expansão planejada, responsável e estratégica, que visa ampliar o acesso à universidade pública”, explicou.
No encerramento da entrevista, a candidata reforçou o compromisso da chapa “UFG Atenta e Forte” com a inclusão e o desenvolvimento da universidade. “Nós seremos as primeiras mulheres como reitora e vice-reitora da UFG. O que propomos é muito trabalho e compromisso com as demandas da universidade. Estamos atentas para uma UFG forte, que enfrenta os desafios e que tem inúmeras possibilidades no campo do ensino, da pesquisa, da extensão e da inovação.”
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 04 – Educação de Qualidade
Leia também: