Dados do Observatório de Segurança Pública da Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás revelam que o feminicídio é o tipo de violência que mais cresceu em Goiás nos últimos três anos. Dentre todas as ocorrências registradas, as outras modalidades de crimes caíram entre 2018 e 2021, mas os casos de feminicídio registram um aumento de 50% nas ocorrências.

Em entrevista à Sagres, a professora de Ciência Política, integrante do Núcleo de Estudos Sobre criminalidade e Violência (NECRIVI/UFG), Rayani Mariano, comentou os motivos desse aumento em um momento em que o tema da violência contra a mulher é amplamente discutido pela sociedade.

“Tenho percebido que a cada ano a gente, infelizmente, traz a mesma manchete do aumento dos feminicídios. É preciso, realmente, começar a agir para que isso não continue. Os dados são de 2018, então em 2019 a gente ainda não tinha uma pandemia, mas principalmente nos anos de 2020 e 2021, com a necessidade das pessoas ficarem mais em casa, da gente se proteger do vírus, muitas vezes as mulheres estão no mesmo espaço que seus agressores. A gente tinha que ter tentado mais fortemente prevenir essa violência”, afirmou a cientista.

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Rayani também destacou que a rede de proteção às mulheres que vivem esse tipo de violência sofreu mudanças significativas no país nesse período. “Infelizmente, no Brasil, nos últimos anos, desde 2015, a gente observa uma desarticulação das políticas para as mulheres. Até então a gente tinha uma secretaria de política para as mulheres com status de ministério e, a partir de 2015, a gente tem a junção para outras secretarias e depois com a saída da [ex-presidente] Dilma e a entrada do governo Temer, a gente tem uma interrupção dessas articulações, dessas políticas”, ressaltou.

A cientista política também alertou para o local onde esses crimes acontecem. Com a pandemia, a maioria das pessoas tiveram que fazer isolamento social. ”Acho que o feminicídio é a face mais dura, a face mais triste […] Mas a gente sabe que é muito difícil enfrentar esse crime, justamente, porque na maioria dos casos ele se dá com pessoas da convivência das mulheres, com parceiros, com ex-parceiros, no local doméstico, que a princípio seria o espaço dessa proteção. E durante a pandemia, as mulheres ficaram mais nesse espaço”, disse Mariano.

Assista a entrevista no Sagres Sinal Aberto:

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