Catedral é símbolo religioso e de resistência contra ditadura

O prédio da Catedral Metropolitana de Goiânia, situado na Rua 10 (Avenida Universitária), no Centro da capital, tem várias curiosidades. Além da relevância sacra, deve-se destacar sua arquitetura, que reúne diferentes estilos e dá beleza à quadra onde está situada, e é contraponto a construções modernas e ao trânsito pesado na região. O local também é marcado por ser símbolo de resistência contra a ditadura militar. 

Em 24 de dezembro de 1937 foi inaugurada a capela que mais tarde se tornaria a Catedral de Goiânia. Na época, ela recebeu o nome de Nossa Senhora Auxiliadora. Na missa de inauguração da capital, foi utilizada uma imagem da santa a pedido de Dona Gercina Borges Teixeira, primeira-dama do Estado.

O prédio é o primeiro templo religioso da nova capital do estado. A capela foi erguida ao redor do palácio do governo conforme o desejo do casal Andrelino Rodrigues de Morais e Bárbara de Souza Morais, doadores do terreno e de boa parte das terras em que Goiânia foi edificada.

No início, a capela funcionava em um terreno atrás da localização atual, onde hoje existe o cinza Edifício Abel, na rua 19. Somente vinte anos após a criação, a paróquia se tornou efetivamente a Catedral Metropolitana de Goiânia, já na nova área, que havia sido doada para a igreja.

Houve polêmica, na época, sobre a posição da Catedral Metropolitana. A Igreja acabou por ficar “de costas” para a sede estadual do governo. Reza a lenda que o fato seria, na verdade, uma resposta do Arcebispo de Goiás, Dom Emanuel a Pedro Ludovico Teixeira, por existência de divergências entre eles. No entanto, não há nada comprovado sobre o assunto.

(Foto: Rubens Salomão)

Construção do novo prédio

No dia 18 de maio de 1947 o arcebispo de Goiás Dom Emanuel escolheu e nomeou os membros da comissão que assumiriam a tarefa de obter os recursos financeiros para a construção da Catedral. A planta da Catedral foi escolhida pelo próprio arcebispo. O projeto é de autoria do arquiteto salesiano padre Consolini.

O estilo da Catedral de Goiânia é o moderno-eclético, com influência de alguns estilos europeus da arte sacra moderna, como o neorromântico, neobasilical, neogótico. 

A planta original foi da Catedral, que foi escolhida pelo então arcebispo de Goiás, Dom Emanuel, sofreu algumas alterações para dar espaço aos traços da Art Déco, usado nos prédios da Praça Cívica.

Em 1955 houve a morte do arcebispo Dom Emanuel e Dom Abel foi eleito vigário capitular. Ele se dedicou ao projeto de reformulação da estrutura física do local. Em 10 de maio do ano seguinte a catedral foi inaugurada, dois meses após a criação da Arquidiocese de Goiânia. 

No dia 8 de dezembro de 1966, o então núncio apostólico no Brasil, o cardeal Dom Sebastião Baggio, sagrou a Catedral. A construção do templo aconteceu aos poucos, num total de 19 anos, desde seu alicerce até sua sagração.

(Foto Rubens Salomão)

Características

A Catedral Metropolitana é uma igreja marcada pelos seus belos desenhos arquitetônicos nos vitrais, elemento com influência europeia da arte sacra moderna. Suas ilustrações se destacam sobre os mais diversos temas do evangelho, como: Bodas de Caná, Ressurreição de Lázaro, Multiplicação dos Pães, Nascimento de Cristo, entre outros, o que se torna uma atração à parte. 

Na Catedral, estão as sepulturas do arcebispo de Goiás, Dom Emanuel Gomes de Oliveira, primeiro arcebispo de Goiânia, e de Dom Antônio Ribeiro de Oliveira, segundo arcebispo da Arquidiocese.

Catedral x Ditadura 

A Catedral Metropolitana também foi um espaço utilizado para resistência no período do regime militar e o Arcebispo de Goiânia, Dom Fernando Gomes teve papel importante. Nos dias 1º e 2 de abril de 1968 estudantes faziam protestos contra o regime e foram perseguidos por forças policiais. A polícia baleou um lavador de carros, confundindo-o com o líder estudantil Euler Ivo. O lavador de carros, ferido, não resistiu e morreu no mesmo dia.

Dom Fernando em duas ocasiões no mesmo dia conseguiu proteger os estudantes. No dia seguinte, os estudantes saíram em passeata, para protestar contra a morte do lavador de carros, ocorrida no dia anterior. Perseguidos pela polícia, de novo, correram para a casa do Arcebispo e se refugiaram na Catedral. Novamente, foram protegidos por Dom Fernando que, indignado com o fato, enviou uma carta ao presidente da República, general Costa e Silva.

Goiânia 90 Lugares

Goiânia faz 90 anos em 24 de outubro. Por isso, o Sistema Sagres de Comunicação, com apoio da Prefeitura de Goiânia elaborou um guia de 90 locais a serem conhecidos por você que é goianiense, que mora na capital ou que está de passagem por aqui. Esta é a campanha “Goiânia 90 Lugares”.

A produção inclui 90 reportagens em texto e fotos de lugares marcantes da cidade, 30 vídeos, um mapa e uma página especial. A campanha conta ainda com entrevistas especiais sobre a construção, estrutura e futuro da nossa capital.

As ações tem coordenação de Rubens Salomão, com pesquisa e textos de Samuel Straioto, Arthur Barcelos e Rubens Salomão. Imagens e edição de Lucas Xavier, além das reportagens em vídeo de Ananda Leonel, João Vitor Simões, Rubens Salomão e Wendell Pasqueto. A coordenação do digital é de Gabriel Hamon. Coordenação de projetos é de Laila Melo.

*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 04 – Educação de Qualidade; ODS 11 – Cidades e Comunidades Sustentáveis

(Foto: Rubens Salomão)

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