Em reunião realizada na tarde desta segunda-feira (1º), representantes da Companhia Energética de Goiás (Celg) apresentaram ao Ministério Público de Goiás e ao Ministério Público Federal as medidas de emergência definidas pela estatal para enfrentar os problemas que afetam o sistema elétrico no período de chuvas em Goiás. Além do plano emergencial, também foram detalhados aos promotores alguns dados relativos aos investimentos da empresa nos últimos anos, bem como sobre os serviços de manutenção preventiva e de poda de árvores. Os representantes da Celg deram ainda informações sobre as ocorrências relativas a quedas de energia, incluindo os registros sobre indicadores como o tempo médio deste ano que cada consumidor ficou sem o serviço, a frequência de interrupções no fornecimento de energia elétrica o o tempo médio para atendimento ao consumidor na religação.

Entre as medidas anunciadas pela empresa estão a entrada em operação de 170 novas equipes de trabalho para atendimentos de emergência a partir de hoje e a locação de 323 novos veículos para o trabalho de campo. Também será ampliado o número de postos de atendimento ao consumidor, chegando a 106. Outra medida foi a criação de uma central de gerenciamento de crises, que vai se reunir frequentemente para avaliar a situação, propor medidas e aferir os resultados. O plano deverá vigorar até março de 2013.
Diante das informações prestadas, os membros do MP-GO e do MPF solicitaram que a empresa encaminhe cópias do plano de emergência para as duas instituições até quarta-feira (3/10). A partir do recebimento destes dados, explicou o promotor Murilo de Morais e Miranda, o MP vai estudar a questão e analisar detalhadamente se as medidas propostas serão suficientes para atender o consumidor. Caso contrário, advertiu, uma ação poderá ser proposta visando assegurar a continuidade do serviço e a proteção dos direitos da população.

Representante do MPF no encontro, a procuradora da República Mariane Guimarães também salientou que a instituição está acompanhando de perto a questão, tendo sido instaurado um inquérito civil público sobre assunto. Ela aproveitou a reunião, inclusive, para entregar cópias da portaria de abertura da investigação pelo MPF aos representantes da Celg e da Agência Goiana de Regulação, Controle e Fiscalização dos Serviços Públicos (AGR). A procuradora observou estar atenta ainda às responsabilidades da Eletrobras e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em relação à situação da Celg.

Também presente à reunião, o coordenador do Centro de Apoio Operacional do Consumidor, promotor Érico de Pina Cabral, requisitou da Companhia Energética a relação das indenizações pagas neste ano a consumidores que enfrentaram prejuízos com quedas de energia e apagões. O documento também deverá ser enviado na quarta-feira.

Investimentos
Na reunião com o MP, os representantes da Celg admitiram que houve pouco investimento no sistema elétrico em Goiás nos últimos anos. Conforme os dados apresentados, em 2011, foram investidos apenas R$ 62 milhões. A expectativa, contudo, é que a situação melhore neste ano, já que até agora (setembro) o investimento foi de R$ 82 milhões, devendo chegar a R$ 102 milhões até o fim do ano.

Em relação à manutenção preventiva, a redução de valores também foi reconhecida pela equipe da estatal. No ano passado, o número chegou a R$ 167 milhões no período de janeiro a setembro, contra R$ 93 milhões neste ano.

Outro número que reflete uma piora da situação neste ano diz respeito à poda de árvores, que são um serviço específico de manutenção da rede elétrica. Em 2011, de janeiro a setembro, foram podadas 23 mil árvores em Goiânia, enquanto em 2012, o total no período foi de apenas 10 mil espécies. A estimativa é que, agora, com o plano de emergência e a contratação de novas equipes, o número chegue a 32 mil árvores até dezembro.

Os indicadores sobre o serviço foram outro ponto abordado na reunião que apontam para um aumento nos problemas com a prestação do serviço. O tempo médio neste ano em que o consumidor ficou sem energia foi de 22,2 horas, bem acima do limite recomendado pela Aneel, que é de 18 horas.

Presenças
Pela Celg, participaram da reunião o diretor de Operações, Paulo Roberto Pinto; o procurador-geral da empresa, Carlos de Freitas Borges Filho; o diretor de Planejamento e Expansão, Humberto Eustáquio Tavares Correia; o gerente do Centro de Operações da Distribuição, Luís Henrique Teles, e o gerente do Departamento de Operação do Sistema, Victor Franco D. Bitencourt. O gerente de Energia da AGR, Jorge Pereira da Silva, representou a agência.

Do Ministério Público de Goiás.