A organização da campanha da Assembleia Constituinte impulsionada pelo governo venezuelano desqualificou nesta segunda-feira os resultados da consulta realizada ontem pela oposição contra o projeto governista de elaborar uma nova Carta Magna, ao assegurar que os organizadores inventaram 5 milhões de votos.

Os reitores das cinco mais prestigiadas universidades do país, que apoiavam a votação, informaram que 7 milhões de pessoas participaram da consulta popular opositora. Deles, mais de 6,3 milhões expressaram rejeição a uma Constituinte governista vista pela oposição e muitos setores da sociedade como uma tentativa de “consolidar uma ditadura” na Venezuela.

O chavista Jorge Rodríguez, que além de chefe de campanha da Assembleia Constituinte é prefeito de Libertador, declarou que os membros da equipe de contagem do referendo “multiplicaram por três” os votos reais obtidos neste processo não reconhecido pelo governo.

Segundo o político governista, a oposição e os reitores contaram como votos separados as marcações de “sim” de cada uma das três perguntas do referendo, que pedia, além da rejeição à Constituinte, novas eleições e que a Força Armada Nacional Bolivariana responda ao Parlamento, controlado pela oposição.

Para ele, os 6,3 milhões de votos no “sim” não correspondem ao número de pessoas, como dizem os resultados divulgados pelos reitores e, na realidade, esse total é de pouco mais de 2 milhões de pessoas.

“Foram 930 mil votos nulos e, se os somaram, somaram os votos nulos”, acrescentou o dirigente chavista.

Segundo ele, uma mesma pessoa podia votar várias vezes em distintas mesas, uma deficiência que a oposição reconheceu não poder controlar por não ter um censo oficial, nem os mecanismos do Poder Eleitoral, mas que tentará corrigir com uma segunda contagem.

A oposição venezuelana fez ontem um referendo contra o processo Constituinte e a própria permanência de Maduro no poder. Os fiadores do processo, a oposição e cinco ex-presidentes da América Latina que estiveram presentes como observadores, comemoraram o sucesso da votação, que “expressa a vontade de mudança do povo”.

Paralelamente ao referendo opositor, a Justiça Eleitoral programou ontem um teste geral da eleição da Constituinte, prevista o dia 30 deste mês. O chavismo celebrou a participação “em massa” na simulação.

Da Agência EFE