Nomes da base do governo que estão saindo para apoiar Ronaldo Caiado (DEM) – políticos e não políticos – têm usado um mesmo argumento, nos bastidores. Segundo eles, a decisão nada tem a ver com o ex-governador Marconi Perillo, e sim com o atual, José Eliton.
O que é real: a insatisfação com Eliton. Não conseguiram se entender com ele. Logo, tomaram outro rumo. (Quer dizer, também: se tivessem se entendido, estavam onde sempre estiveram, defendendo o quê e quem sempre defenderam). Ponto.
Também real: quem sai, tenta não romper diretamente com Marconi, em respeito aos anos de convivência, e como forma de preservar parte do discurso de coerência. A dizer: não são mais ‘tempo novo’, mas quem mudou foi o ‘tempo novo’, com Eliton agora à frente.
No que vem a contradição em si: em tese se mostram agradecidos com os tempos de governos que viveram e que ajudaram a construir; na prática, vão para uma candidatura que tem como ponto fundamental discurso em direção exatamente oposta: o da crítica aos governos de Marconi e da renovação do ‘tempo novo’, criação e comando de… Marconi.
Caso mais recente de troca de lado, Lincoln Tejota foi na mesma linha, com companheiros enfatizando o amor dele a Marconi e relativizando a liderança e a legitimidade de José Eliton como herdeiro do ‘tempo novo’.
Em contrapartida, a pergunta mais ouvida nos bastidores tem sido: Lincoln, até ontem governista e hoje vice de Caiado, dirá o quê no palanque? Um pouco como maldade e provocação; outro tanto com expectativa real: como ele justificará a saída do governo sem levar junto o gosto amargo da traição, maior ataque que vem sofrendo dos ex-companheiros?
Isso interessa a Caiado, porque a ele interessa o bônus de uma conquista, e não o ônus de uma desmoralização. Moral no meio – outra base forte de sustentação do palanque caiadista.
Sobra a outra tese, da conspiração: todos saem do governo batendo em José Eliton e preservando Marconi porque a orquestração é esta, e do tucano. Que coisa, né.
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