Um concurso organizado pelo Escritório das Nações Unidas para Assuntos do Espaço Sideral em cooperação com o Conselho de Geração Espacial premiou trabalhos que usam o espaço como ferramenta para fomentar a mitigação e adaptação às mudanças climáticas. A pesquisadora brasileira Karina Berbert foi uma das três vencedoras da terceira edição do Prêmio Youth4Climate, com olhar sobre o Cerrado, segundo maior bioma da América do Sul, e que ocupa cerca de 2,03 milhões de quilômetros quadrados, o
equivalente a 24% do território brasileiro.

A região reúne cerca de 30% da biodiversidade do Brasil e 5% das espécies do mundo e é hoje considerado um bioma em risco. Em entrevista ao Sagres Em Tom Maior #309 desta quarta-feira (14), Karina conta como teve início a ideia do estudo “Espaço como uma Ferramenta para Mitigação da Mudança Climática: resultados múltiplos com tecnologias de Observação da Terra no bioma do Cerrado“. Confira a entrevista a seguir a partir de 01:50:00 no STM #309 com a apresentação de Vinícius Tondolo

“Eu estava buscando eventos on-line na área de geoprocessamento remoto e vinculados à questão do meio ambiente, de sustentabilidade. Eu estava tentando me inteirar do que estava acontecendo on-line nas diversas instituições tanto no Brasil quanto lá fora, e que eu pudesse participar”, afirma. “A partir daí eu fui desenvolver o tema dessa chamada aberta para receber artigos, e que as pessoas enviassem artigos que mostrassem exemplos de iniciativas ou ações, projetos que utilizassem ferramentas e dados espaciais com relação às questões de mitigação do eventos climáticos”, complementa.

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Karina Berbert atualmente é mestranda na Unicamp, a Universidade Estadual de Campinas. Ela conta que baseou suas pesquisas no projeto brasileiro TerraClass, da Embrapa, que tem financiamento do Banco Mundial, e que o projeto se enquadra perfeitamente no programa-chave proposto pela ONU.

Com uma proposta inédita no mundo, o TerraClass é responsável por qualificar o desflorestamento na Amazônia Legal brasileira e assim fornecer subsídios importantes para o melhor entendimento das formas de uso e cobertura da terra em biomas como a Amazônia e o Cerrado.

“É um projeto que trabalha com imagens de satélite e faz todo um mapeamento da dinâmica do uso do solo no Cerrado. Hoje nós podemos perguntar o que está acontecendo no Cerrado no sentido de entender a dinâmica de agricultura, pecuária, de área urbana, olhando pelos dados do TerraClass. O TerraClass auxilia nessa parte de mapeamento ações que visam reflorestamento, recuperação de áreas degradadas, auxiliar produtores locais, rurais em suas propriedades, passando tecnologia de baixa emissão de carbono para poderem cultivar a terra de forma mais sustentável”, afirma.

No total, a edição 2021 do concurso Space4Youth teve 430 participantes de 80 países. Além de Karina, Mahlak Abdullah (Estados Unidos), Tejasvi Shivakumar (Índia) foram as vencedoras.

O Space4Youth faz parte de uma série de ações e eventos preparatórios organizados pela ONU para a 26 Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP-26), que vai ocorrer em novembro na cidade de Glasgow, na Escócia. Entre esses eventos, está o programa All4Climate 2021, que será realizado no fim de setembro, na Itália, com o objetivo de discutir e articular propostas de jovens pesquisadores sobre o tema. Karina Berbert pretende acompanhar as discussões de forma on-line e se manter atualizada sobre as oportunidades na área.