A cidade de Goianésia volta a ser notícia e o fato, como de hábito, vem do Legislativo. O presidente da Comissão de Ética da Câmara, Edvam da Costa, exige que o estupro de crianças seja dentro do plenário. Se os vereadores não assistirem, a violação sexual não ocorreu. Segundo o presidente Edvam, com espantosa sinceridade, tudo se perdoa se a violação sexual ocorrer fora do prédio do Legislativo.
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Entrevistado pela web TV Goiás, Edvam diz que nada pode fazer para punir seu colega Temal Carrilho.
Em outubro de 2011, uma sobrinha de Temal denunciou que ele a estuprava havia 50 meses.
Em outubro de 2012, Temal foi reeleito vereador. Em outubro de 2013, saiu a sentença penal condenatória.
Não se sabe quantos outubros a sociedade vai ter de esperar pelo cumprimento da pena.
As agressões sexuais à menina começaram quando ela estava com 9 anos de idade. Nove anos de idade. Para Edvam, se o estupro não foi em cima da mesa diretora da Câmara, a criança pode ter 9 anos, 9 meses, não importa. O que importa, para Edvam, é proteger o condenado por estupro de vulnerável.
O comportamento de um político com mandato é assunto sempre para o Ministério Público e o órgão em que ele exerce suas funções. No caso de Temal Carrilho, uma promotora de Justiça o denunciou e ele foi condenado. Falta à Câmara agir. Por enquanto, as ações dos vereadores foram para passar a mão na cabeça do colega. No início, se falava em não punir o acusado antes que o Judiciário desse o seu veredito. A sentença saiu e foi ignorada pelo Legislativo. Como ainda há recurso, os pamonhas estão esperando outubro de 2190 para cassar o vereador.
Edvam é o retrato do político que o Brasil foi às ruas combater. Tudo que não presta resumido em um janota de terno amarfanhado. As imagens de Edvam são revoltantes. Sua voz embute a omissão diante de pedofilia. E suas palavras apontam mais que um embuste com mandato: ali está uma síntese do Brasil que a modernidade superou e a moralidade precisa enterrar. Aliás, o Brasil nunca foi tão ruim quanto Edvam. Somos um País em desenvolvimento, não um país retardado.