Em Goiânia, três pessoas morreram atropeladas por mês só este ano. Pensando em diminuir essa triste estatística, a prefeitura da capital aderiu à campanha nacional Maio Amarelo. A intenção é conscientizar sobre o uso da faixa de pedestre e combater o excesso de velocidade. Em entrevista à Sagres, o secretário de Mobilidade de Goiânia, Horácio Mello, afirmou que o comportamento do condutor precisa mudar.

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“É um comportamento cotidiano. Uma decisão do dia a dia. Assim como aprendemos que devemos usar a máscara para nos proteger e a ficar distante da família, no trânsito o assunto é similar. Mata também. Precisamos trazer para o trânsito esse comportamento de proteção à vida e assim vamos conseguir avançar”, ressaltou.

Ouça a entrevista na íntegra:

Este ano, em média, foram 59 infrações relacionadas à faixa de pedestre emitidas por dia em Goiânia. São mais de 2 mil faixas não semaforizadas na capital e o respeito a elas parte do condutor. “A multa é necessária principalmente para evitar a reincidência. Menos de 10% da população tem mais de uma multa reincidente. Mas se não mudar o comportamento não adianta. Não temos condições de colocar um agende de trânsito em cada faixa não semaforizada”, afirmou Horácio.

Apesar de não conter um levantamento exato do número de acidentes envolvendo o desrespeito a faixa, em função da dificuldade no registro, o especialista em trânsito faz um alerta para pedestres e motoristas. “A maioria dos atropelamentos ocorre fora da faixa ou perto dela”, destacou.

De acordo com os dados da Seguradora Líder, administradora do Seguro DPVAT, de janeiro a dezembro de 2020, os pedestres ocuparam o 2º lugar no ranking de vítimas de trânsito. O Relatório Anual da Seguradora Líder de 2020 mostra que os pedestres corresponderam a 29% do total de indenizações pagas. Nos acidentes fatais, eles representaram 27%. Já os pedestres que foram indenizados devido a alguma sequela irreversível causada por acidente de trânsito representam 33% do total pago por Invalidez Permanente. 

EXCESSO DE VELOCIDADE

Dados da SMM mostram que a redução da velocidade com a implantação da chamada Zona 40, no Centro de Goiânia, reduziu os acidentes de trânsito naquela região. Conforme Horácio Mello, a secretaria estuda expandir o projeto para outros locais da capital. “Pensamos em alguns bairros mais residenciais. A ideia é privilegiar os mais frágeis também no leito asfáltico, nas vias locais com 30 km por hora”, adianta Horácio.

MUDANÇAS NO SETOR SUL

Sobre as alterações no trânsito nas ruas 86, 88 e 115, no Setor Sul de Goiânia, o secretário explicou que as mudanças seguem uma lógica de fluidez, de segurança e da comunicação com a população. “O estudo que estamos fazendo é no sentido de instalar ciclovias, estacionamento de um lado e priorização do transporte coletivo. Assim, teremos outros modais. Esse estudo está há mais de uma década sendo gestado na secretaria. Ainda não foi apresentado o estudo de impacto”, reforçou. O secretário não definiu data para início das mudanças.

As ruas 86 e 88 terão sentido único e em sistema binário. A Rua 86 só terá tráfego no sentido do Cepal do Setor Sul para a Praça do Cruzeiro. A Rua 88 será o inverso: os carros apenas poderão sair da praça, no sentido Marginal Botafogo e Estádio Serra Dourada.

As mudanças serão debatidas com a CMTC, para que os impactos sejam os menores possíveis para o transporte coletivo e também em toda capital, como por exemplo, na circulação do BRT ao se evitar os cruzamentos com semáforos de três tempos.