DILMA ROUSSEF (PT) 13

A mineira Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência da República, tem uma trajetória marcada pela militância contra o regime autoritário e por sua atuação no serviço público. Na juventude, foi presa e torturada por fazer oposição à ditadura militar. Depois de passar três anos na prisão, mudou-se para o Rio Grande do Sul. Lá, chegou ao primeiro escalão da administração estadual, comandando a Secretaria de Minas e Energia nos governos de Alceu Collares (PDT) e de Olívio Dutra (PT).

Graças ao seu conhecimento na área, foi convidada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assumir o Ministério de Minas e Energia, em 2003. Dois anos depois, passou a comandar a Casa Civil, tornando-se uma das principais executivas da gestão Lula. Seu desempenho levou Lula e o PT a lançá-la para presidente. Essa é a primeira vez que Dilma disputa uma eleição.

Filha de um empresário búlgaro e de uma brasileira, a universitária Dilma deixou a família de classe média em Minas Gerais para ingressar na luta contra a ditadura militar, como militante do Comando de Libertação Nacional (Colina) e da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR Palmares). Foi presa pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops) e torturada na cadeia.

Na década de 70, depois de quase três anos presa, passou a viver no Rio Grande do Sul, onde engajou-se na campanha pela anistia e ajudou a fundar o PDT, junto com o advogado e ex-deputado Carlos Araújo, com quem ficou casada por 25 anos. No PDT, participou da candidatura de Leonel Brizola à Presidência da República.

Foi também no Sul do país que começou a carreira de gestora pública. Em 1986, foi nomeada secretária da Fazenda de Porto Alegre, na administração de Alceu Collares. Nos anos 90, assumiu a presidência da Fundação de Economia e Estatística (FEE). Depois, comandou a secretaria estadual de Minas e Energia. Em 2001, integrou o grupo que saiu do PDT para se filiar ao PT, partido pelo qual disputará, em outubro, a Presidência da República.

Dilma ingressou no governo Lula no primeiro mandato, quando assumiu o Ministério de Minas e Energia. Entre outras ações, implantou um novo modelo para o setor. Dois anos depois, passou a chefiar a Casa Civil. No comando da pasta, gerenciou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) – o que lhe rendeu o título de “mãe do PAC” – e se tornou uma das ministras mais importantes do governo Lula.

Em abril deste ano, saiu da Casa Civil para tentar ser a sucessora de Lula no Palácio do Planalto. Antes disso, em 2009, passou por um tratamento para câncer no sistema linfático. Dilma é economista e tem uma filha e um neto.

Edição: Andréa Quintiere


JOSÉ SERRA (PSDB) 45

SERRA-ESPECIALJosé Serra entra na corrida pela Presidência da República nas eleições deste ano como candidato do PSDB, partido do qual é um dos fundadores. A carreira política dele começou na militância estudantil nos anos 60, quando estava na universidade e foi eleito presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). Com o golpe militar, deixou o país e ficou exilado no Chile e nos Estados Unidos.

Depois de 14 anos no exílio, Serra retornou ao Brasil e passou a lecionar no curso de economia da Universidade de Campinas (Unicamp). Nos anos 80, tornou-se secretário estadual de Planejamento no governo do peemedebista Franco Montoro (que morreu em 1999). Em 1986, ele foi eleito deputado federal por São Paulo pelo PMDB e participou da Assembleia Nacional Constituinte.

Dois anos depois, ajudou a fundar o PSDB. Em 1990, conquistou o segundo mandato na Câmara dos Deputados. Na eleição seguinte, assumiu a vaga de senador.

Licenciado do Senado, Serra comandou os ministérios do Planejamento (em 1995 e 1996) e da Saúde (de 1998 a 2002) na gestão do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Na primeira pasta, desenvolveu programa de execução de obras do governo federal em parceria com estados e prefeituras. Na saúde, a administração dele foi marcada pela implantação do programa de combate à aids – que serviu de modelo para outros países e teve reconhecimento da Organização das Nações Unidas (ONU).

Em 2002, concorreu ao posto mais alto do país, o de presidente da República. Porém, perdeu a disputa para o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva no segundo turno. Após dois anos, foi eleito prefeito de São Paulo.

Em 2006, assumiu o governo estadual, eleito em primeiro turno. No início deste ano, renunciou ao posto para ser o pré-candidato dos tucanos à Presidência da República nas eleições de outubro.

Filho de imigrantes italianos, Serra nasceu em 19 de março de 1945 na capital paulista. É economista e casado. Tem filhos e netos.

Edição: Juliana Andrade


MARINA SILVA (PV) 43

Marina-EspecialA senadora licenciada pelo Acre Marina Silva é a candidata à Presidência da República do Partido Verde (PV) nas eleições de outubro. Ela deu os primeiros passos nos movimentos social e sindical ao lado de Chico Mendes, líder seringueiro assassinado em Xapuri, em 1988. Antes de chegar ao Senado, em 1994, foi vereadora em Rio Branco e deputada estadual pelo PT. Alfabetizada apenas na adolescência, é formada em história pela Universidade Federal do Acre e pós-graduada em psicopedagogia.

Marina começou a carreira política em seu estado, em 1984. Sua trajetória é marcada por defender o crescimento sustentável, com proteção do meio ambiente. No Acre, ela foi uma das fundadoras da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Chegou ao Senado com 36 anos, como a mais jovem senadora do país. Agora, parte para um desafio maior: disputar a Presidência da República pela primeira vez.

Marina comandou o Ministério do Meio Ambiente, no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva – primeiro cargo a ocupar no Poder Executivo -, em janeiro de 2003.  Em 13 de maio de 2008, Marina deixou o cargo. No ano passado, depois de quase 30 anos, desfiliou-se do PT. À época, disse discordar da proposta do partido de priorizar o desenvolvimento em detrimento da preservação ambiental.

Casada, Marina tem quatro filhos. Nasceu em Breu Velho, um seringal localizado a 70 quilômetros da capital acriana. É a segunda mais velha de uma família de sete mulheres e um homem. Aprendeu a ler e escrever somente na adolescência, quando foi morar em Rio Branco e entrou em contato com religiosos.

Em 2007, Marina Silva integrou a lista das 50 pessoas mais influentes para ajudar a salvar o planeta, feita pelo jornal britânico The Guardian.

Edição: João Carlos Rodrigues


IVAN PINHEIRO (PCB) 21

IVAN-PINHEIRO-ESPECIALO programa de governo do candidato à Presidência da República do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Ivan Pinheiro, é identificado como “anticapitalista e anti-imperialista”. Entre as propostas estão a defesa da estatização do sistema financeiro e a criação de um Congresso unicameral, com a extinção do Senado. O programa também prevê a fundação de grandes fazendas estatais e cooperativas agropecuárias para solucionar o problema da distribuição de terra no Brasil.  

Advogado e atual secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Ivan Pinheiro já disputou o cargo de governador do Rio de Janeiro, estado onde nasceu. Antes de partir para a vida política, foi líder sindical. Na universidade, integrou o Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8) – organização de esquerda que participou da luta armada contra o regime militar – até meados da década de 70. Depois do MR-8, conheceu o PCB, em 1976, de onde nunca se desfiliou.

Na luta sindical, Ivan Pinheiro foi presidente do Sindicato dos Bancários, período em que comandou atos de resistência à ditadura militar no Rio de Janeiro. Na década de 80, passou a ganhar espaço dentro do PCB ao se tornar o integrante mais jovem do Comitê Central do partido.

Nos anos 90, o partido sofreu uma divisão racha e parte dos membros fundou o Partido Popular Socialista (PPS). Apesar da crise, Ivan Pinheiro permaneceu no PCB. Em 1996, voltou ao cenário eleitoral – dessa vez, como postulante à prefeitura do Rio de Janeiro. O lema era “Uma Revolução no Rio”, mas não teve um bom desempenho nas urnas.

Em março de 2005, foi eleito secretário-geral do PCB – período em que a legenda rompeu com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Edição: Aécio Amado


JOSÉ MARIA EYMAEL (PSDC) 27

EIMAEL-ESPECIALPela terceira vez, José Maria Eymael disputa o posto de presidente do Brasil pelo Partido Social Democrata Cristão (PSDC). A trajetória política de Eymael começou em Porto Alegre (RS), onde foi um dos líderes da Juventude Operária Católica.

Em 1962, filiou-se ao Partido Democrata Cristão (PDC), teve atuação como líder jovem do partido e concorreu a seu primeiro cargo eletivo: prefeito de São Paulo, em 1985 – momento em que lançou um dos jingles mais conhecidos das campanhas eleitorais do país.

No ano seguinte, foi eleito deputado federal pelos estado de São Paulo. Em 1990, conquistou o segundo mandato na Câmara dos Deputados. Como parlamentar federal, Eymael atuou na Comissão de Finanças e apresentou projetos de apoio à pesquisa e à pequena empresa, além de ter defendido a manutenção da palavra Deus no preâmbulo da atual Constituição Federal durante a Assembleia Constituinte, considerado um marco em sua trajetória política.

Na década de 90, a direção do PDC definiu pela fusão da legenda com o Partido Democrático Social (PDS). Contrário à decisão do partido, Eymael e outros integrantes deixaram a legenda e decidiram fundar o Partido Social Democrata Cristão, em 1995. O PSDC só conseguiu o registro definitivo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 1997, quando Eymael foi eleito presidente do partido.

Quatro anos depois da fundação do PSDC, Eymael disputa pela primeira vez o cago de presidente da República – pleito que elegeu o candidato do PSDB, Fernando Henrique Cardoso (1998). Em 2002, coordenou a campanha do partido nas eleições – ocasião em que o PSDC elegeu seu primeiro deputado federal. Na eleição de 2006, Eymael voltou à corrida presidencial, que foi vencida pelo petista Luiz Inácio Lula da Silva.

Em novembro do ano passado, foi escolhido pré-candidato do PSDC à Presidência da República em encontro de presidentes dos diretórios estaduais do partido, na cidade de Aracaju (SE). No programa do PSDC, a educação é colocada como prioridade nacional, “com justa remuneração aos professores, em todos os níveis, e apoio ao ensino profissionalizante” entre outros.

Edição: Aécio Amado


LEVY FIDELIX (PRTB) 28

Levy-especialApresentador de televisão, professor universitário e publicitário, o mineiro Levy Fidelix parte para sua décima segunda disputa eleitoral. Pela segunda vez, é candidato à Presidência da República pelo Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), do qual é um dos fundadores.

Antes de criar o PRTB (1992 a 1994), Fidelix participou da fundação do Partido Liberal (PL), em 1986, quando se lançou na carreira política – disputou uma vaga na Câmara dos Deputados pelo estado de São Paulo. Depois, migrou para o Partido Trabalhista Renovador (PTR), onde também concorreu a um mandato de deputado federal, no início dos anos 90.

Uma das marcas das campanhas de Fidelix é o aerotrem, apontado como solução para desafogar o trânsito nas principais capitais brasileiras. De acordo com o projeto do candidato, o veículo, semelhante a um metrô de superfície, seria movido por condutores magnéticos. Nos programas, Fidelix se apresenta como o “homem do aerotrem”.

Em seu programa de governo, o candidato apresenta dez propostas, entre elas, a que prevê que toda criança, assim que nascer, tenha uma caderneta de poupança no valor de quatro salários mínimos que seria resgatada quando o beneficiado completasse 21 anos de idade. Outros projetos são de destinar parte dos recursos com a exploração do petróleo do pré-sal para o serviço obrigatório dentário, a informatização do ensino, a criação de um banco para financiar jovens recém-formados – por exemplo, na abertura de um escritório de advocacia ou de uma empresa de engenharia -, e construção de presídios de segurança máxima em ilhas e navios.

Edição: Aécio Amado


PLÍNIO DE ARRUDA SAMPAIO (PSOL) 50

Plinio-EspecialAos 79 anos, o promotor de Justiça aposentado Plínio Sampaio é o candidato do P-SOL à Presidência da República nas eleições deste ano. A sua trajetória política é marcada pela ligação com a Igreja Católica e a defesa da reforma agrária no país. Foi exilado, deputado federal, candidato a governador e agora entrou na corrida presidencial.

Em 1954, militou na Juventude Universitária Católica e presidiu a Ação Popular, organização de esquerda surgida no movimento religioso. A vida política começou em 1958, quando tornou-se subchefe da Casa Civil do governador de São Paulo, Carvalho Pinto. Nos anos seguintes, foi coordenador do Plano de Ação do governo, secretário de Negócios Jurídicos e também atuou como secretário do Interior e Justiça na prefeitura paulista.

Foi eleito deputado federal (1963-1964) pelo Partido Democrata Cristão (PDC), período em que foi relator do projeto de reforma agrária do presidente João Goulart. Com o golpe militar, teve seus direitos políticos cassados e exilou-se no Chile, onde trabalhou para a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). Viveu nos Estados Unidos e retornou ao Brasil, em 1976.

Na década de 80, fez parte do grupo que fundou o Partido dos Trabalhadores (PT) e foi eleito deputado federal constituinte, tendo como foco modelo de distribuição de terras contrário aos latifúndios. Em 1990, candidatou-se a governador de São Paulo, mas foi derrotado.

Em 2005, ao discordar dos rumos tomados pelo PT, desliga-se do partido e filia-se ao P-SOL. No ano seguinte, concorre mais uma vez ao governo paulista. Atualmente, é presidente da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra).

Edição: Aécio Amado


RUI COSTA PIMENTA (PCO) 29

RUICOSTA-PIMENTA-ESPE_CIALPela terceira vez disputando o cargo de presidente da República pelo Partido da Causa Operária (PCO), o jornalista Rui Costa Pimenta defende a bandeira de que o socialismo marxista é a solução para os problemas econômicos, sociais e agrários do Brasil, com a “substituição da propriedade privada dos meios de produção e a exploração do homem pela propriedade coletiva”. Seu lema de campanha é “Salário, Trabalho e Terra”.

A militância estudantil contra a ditadura militar marca o início da sua vida política. Depois entra na luta sindical para, em seguida, trilhar o caminho da política partidária. Em 1980, Rui Costa Pimenta ingressa no movimento Tendência Causa Operária e participa da fundação do Partido dos Trabalhadores, principalmente na cidade de São Paulo e no ABC Paulista. Em 1985, retorna à vida sindical, sendo eleito diretor da Central Única dos Trabalhadores (CUT), na Grande São Paulo.

Divergências com a direção petista levaram Rui Costa Pimenta e outros militantes da causa operária a romper com o PT em 1992. Em 1995, Pimenta encabeça a criação do PCO. Pela legenda, Rui Costa Pimenta se candidatou a vereador, em 1996, deputado federal, 1998, e prefeito de São Paulo, em 2000.

Formado pela Faculdade de Comunicação Social Casper Líbero, o paulista Rui Costa Pimenta também exerceu a atividade de jornalista sindical e assessor de imprensa da CUT. Atuou ainda como tradutor. Atualmente, é o editor responsável pelo jornal Causa Operária.

Edição: Aécio Amado


JOSÉ MARIA (PSTU) 16

ZE-MARIA-EYMAELO candidato à Presidência da República do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU), José Maria de Almeida, conhecido como Zé Maria, tem sua história ligada à consolidação do sindicalismo no setor metalúrgico. José Maria nasceu em Santa Albertina, interior de São Paulo, em 1957. Com 20 anos, foi estudar na Fundação Santo André, no ABC Paulista, onde se tornou metalúrgico. No seu programa de governo, o candidato do PSTU defende, entre outras medidas, a estatização do sistema bancário, que ficaria nas mãos dos trabalhadores, a redução dos juros e o retorno para o controle estatal de todas as empresas privatizadas.

O primeiro contato de Zé Maria com uma organização política foi no Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André no fim dos anos 70, período em que conheceu a Liga Operária. Ajudou na fundação do PT e da Central Única dos Trabalhadores (CUT). Em 1980, José Maria e um grupo de militantes, entre eles o então sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva, foram presos pela ditadura militar. Ficou detido por mais de um mês.

Quatro anos depois vai morar em Minas Gerais, onde passa a militar no sindicato dos metalúrgicos do estado. Em 1992, é expulso do PT. Segundo biografia, o rompimento ocorreu por ter sido um dos líderes da campanha Fora Collor, para o fim do governo de Fernando Collor de Mello, o que desagradou alguns dirigentes petistas. Dois anos depois, fundou o PSTU.

Nos anos posteriores, participou de greves do funcionalismo público, de petroleiros e marchas contra a reforma da Previdência Social, o escândalo do mensalão e o Fundo Monetário Internacional (FMI) e defendeu as ações dos trabalhadores sem terra. Participou ativamente das campanhas da Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas).

Não é a primeira vez que José Maria de Almeida disputa um cargo eletivo. Em 1982, concorreu a deputado estadual por São Paulo. Em seguida, deputado federal (1994) em Minas Gerais, e, pela terceira vez, para presidente da República: concorreu em 1998, 2002 e é candidato este ano. No pleito de 2006, apoiou a candidata do P-SOL, a ex-senadora Heloísa Helena.

Edição: Aécio Amado


Textos de Carolina Pimentel – Repórter da Agência Brasil