{jcomments on}O prefeito de Campinaçu, Weliton Fernandes (PSD), o Nenzão, pretende quebrar a tradição de chapas únicas para a eleição do presidente da Associação Goiana dos Municípios (AGM). Ele promete articular uma coligação para enfrentar Cleuder Bernardes, o Baré, prefeito de Bom Jardim de Goiás e ungido do governador Marconi Perillo para comandar a entidade. O anúncio de Nenzão foi feito em entrevista na manhã desta segunda-feira por meio da parceira Clube FM, enquanto Baré estava no estúdio.
O cargo de presidente da AGM é eminentemente político, escolhido por meio de eleições entre os prefeitos filiados à entidade. Apesar de os sócios serem os principais privilegiados pelos princípios democráticos, há alguns anos os membros da AGM abriram mão do debate de ideias e adotaram o artifício da candidatura única.
Nenzão, no entanto, não pretende concorrer ao cargo para apresentar uma linha de atuação diferente da propagada por seu adversário. Pelo contrário, mais coisas unem os dois candidatos do que os separam. Membros da base de Marconi, os desentendimentos só aconteceram porque Nenzão não foi valorizado quanto achava que merecia: pediu a vice-presidência da AGM, foi oferecida apenas a vaga de conselheiro. Irritado, prometeu partir para o tudo ou nada.
A bandeira que Nenzão empunha é a mesma erguida pelo governador Siqueira Campos em 1988 e que levou Tocantins a se desmembrar de Goiás: o Norte não receberia das autoridades atenção merecida. O discurso é similar, mas o sentimento popular que antes impulsionou a Constituinte daquele ano a conceder o benefício agora é praticamente inexistente e a união política sequer será suficiente para emplacar um representante numa entidade burocrática.
Apesar de os debates serem mais de egos do que de representatividade, Nenzão vem de um pequeno município e pela característica natural dessas cidades tem possibilidade de ser mais atuante na vice-presidência da AGM do que Itamar Barreto (PSD), prefeito de Formosa, uma cidade com população na casa dos 100 mil habitantes. Além disso, as grandes cidades goianas não precisam da AGM para defender seus interesses, ao contrário dos nanicos.
Baré tentou apaziguar os ânimos de Nenzão ainda durante a entrevista. Disse que as negociações permanecem abertas, mas não indicou nada concreto. As chapas precisam ser inscritas 20 dias antes das eleições, que serão realizadas em 27 de fevereiro. Para o bem da própria democracia, espera-se que as articulações falhem novamente. A AGM e os municípios goianos precisam do embate de ideias, ainda que motivado por egos.