O Procon Goiânia divulgou levantamento, realizado entre os dias 21 de junho e 5 de julho, e revelou alta de 3,44% no valor da cesta básica na capital. O estudo foi feito em 10 grandes redes de supermercados na cidade. Em entrevista à Sagres, o presidente da Associação Goiana de Supermercados (Agos), Gilberto Soares, afirmou que diante dos aumentos no últimos meses, a possibilidade de preços ainda mais altos diminuirá o consumo, pois as pessoas não conseguirão arcar com os preços dos produtos.

“Até mesmo por questão da renda familiar que não tem sofrido nenhum reajuste que possa possibilitar o consumidor a estar desembolsando mais. A muçarela que custava R$ 22,00 foi para R$ 30,00 e agora está voltando, exatamente, porque a procura está tímida. Então houve realmente uma alta bem considerável desses produtos que compõem a cesta básica”.

Ouça a entrevista completa de Gilberto Soares:

Ao detalhar que a regulação do mercado ocorre por oferta e demanda, o presidente da Agos declarou que quando os produtos sobem, a resposta vem na diminuição das vendas e isso acaba fazendo com que o preço do produto recue. Um porém, é a carne, com preço acumulando altas no Brasil desde o ano passado, o valor não recua. Isso ocorre porque, a oferta é pequena dentro do mercado interno, considerando que o produto tem sido muito exportado para o mercado externo.

“Os supermercados têm sentido uma queda na venda da carne, não no valor, porque como subiu muito, às vezes, a pessoa que não prestar atenção pensará que está vendendo o mesmo, só que o quantitativo teve uma redução da ordem de 25% até 50%, dependendo da região onde está localizado o supermercado”.

Para tentar equilibrar, Gilberto explicou que reuniões com os fornecedores estão sendo feitas, com tentativas de desconto nos preços com compras à vista, para que o preço repassado para o consumidor possa ser menor, o que poderá ocasionar um aumento nas vendas. “Estamos vivendo um momento de dar as mão e negociar”.

Inflação alta impacta na cesta básica e atinge as famílias com menor poder aquisitivo

O analista de Gestão Governamental do Instituto Mauro Borges, Marcelo Eurico de Sousa, também conversou com a Sagres sobre o tema. O analista afirmou que a inflação de junho ficou um pouco abaixo, mas que as pressões continuam bastante elevadas.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve índice de 0,53% em junho (0,83% em maio), enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) registrou 0,60% (0,96% em maio). “Mas nós tivemos dois grupos com maiores pressões, que foram habitação, com os itens de energia elétrica e gás de cozinha, e transportes, por causa do aumento dos preços nos combustíveis”.

Ouça a entrevista completa de Marcelo de Sousa:

Marcelo detalhou que todos esses itens estão envolvidos na cadeia de alimentos e por isso elevam os preços, principalmente de produtos básicos, o que impacta diretamente nas famílias de menor renda. “Estamos falando de um período em que a gente vive uma pandemia, com uma massa de desempregados muito grande, vivendo com rendas muito pequenas, inclusive com auxílio emergencial”.

O setor produtivo tem ensaiado uma recuperação, mas isso ocorre por causa das exportações, segundo o analista de Gestão Governamental. “O real se desvalorizou muito. Então, principalmente, os setores de carne e de grãos, aumentaram as exportações e isso tem equilibrado de certa forma a balança comercial, mas o consumidor interno, as famílias, estão consumindo menos porque tem menos renda”.