Os compromissos atuais com o corte de emissões de gases de efeito estufa colocam o planeta a caminho de um aumento médio de temperatura de 2,7 graus Celsius neste século, conforme o relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado nesta terça-feira (26). Trata-se de outro alerta contundente antes de negociações cruciais sobre o clima.

Sobre isso, os governos estarão sob holofotes durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2021 (COP26) da semana que vem, para cumprir o prazo deste ano de se comprometerem com metas de corte mais ambiciosas. Esta pode ser a última chance de encaminhar o mundo a manter o aquecimento abaixo de 2 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais, preferencialmente em 1,5ºC.

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Enquanto eventos climáticos extremos, que vão de incêndios florestais à inundações, atingem países de todo o mundo, um relatório da ONU, publicado em agosto de 2021, trouxe o alerta de que o aquecimento global, provocado pelas emissões de gases de efeito estufa, pode romper a marca de 1,5º C nas próximas duas décadas.

Na segunda-feira (25), o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, disse que é “incerto” se a rodada mais importante de conversas da ONU, desde o Acordo de Paris de 2015, renderá os pactos necessários para o combate à mudança climática.

Antes da reunião de duas semanas, que será realizada em Glasgow, na Escócia, no domingo (31), a Organização Meteorológica Mundial (OMM) informou que as concentrações de gases de efeito estufa atingiram um recorde no ano passado e que o mundo está “bem longe” de conter o aumento das temperaturas.

Por que esta discussão é um fato que importa

À medida em os humanos queimam combustíveis fósseis como carvão, óleo e gás natural, os gases de efeito estufa ficam concentrados na atmosfera. É o caso do dióxido de carbono, que captura calor e aumenta as temperaturas. Por conta disso, a natureza já tem reagido de várias formas negativas como o aumento do nível do mar, eventos climáticos extremos e a alta das temperaturas.

Caso não haja mudança de rumo, a emissão de gases de efeito estufa pode levar a um aumento ainda maior das temperaturas globais, fator que pode desencadear resultados devastadores para todas as pessoas, sobretudo para aquelas que vivem em situação de vulnerabilidade social.

A COP

A COP é organizada pela ONU anualmente desde 1995, com exceção de 2001 e 2019, quando teve duas edições, e em 2020, ano no qual a pandemia da Covid-19 impediu que a Escócia sediasse a conferência.

O encontro deste ano

Ao todo, serão 197 países participantes da COP26. Quase todos tentarão negociar uma atualização do Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, um acordo climático feito em 1992.

O primeiro acordo para limitar a emissão de gases do efeito estuda foi o Protocolo de Kyoto, firmado no Japão, em 1997, durante a COP3.

O último acordo ocorreu em 2015, em Paris. Os países concordaram em se reunir depois de 5 anos para atualizar os compromissos e fortalecer o compromisso. No entanto, com a pandemia, a COP26 teve de ser adiada de 2020 para 2021.

A edição de 2021 terá mais de 50 eventos, que abordarão finanças, energia, juventude, transportes, construções, entre outros temas, sempre norteados pela importância de buscar a prosperidade das nações, mas com respeito e preservação do meio ambiente.

Brasil

O governo federal lançou na segunda-feira (25) o Programa Nacional de Crescimento Verde, há menos de uma semana do início da COP26. Coordenada pelos Ministérios do Meio Ambiente e da Economia, a iniciativa visa aliar a redução das emissões de carbono, conservação de florestas e uso racional de recursos naturais com a geração de emprego verde e crescimento econômico.

“O Brasil detém a maior biodiversidade do mundo, uma das maiores áreas oceânicas e florestas nativas do planeta, características que se traduzem em vantagens competitivas do país como líder de uma nova agenda verde mundial”, destacou o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, durante evento no Palácio do Planalto. 

China

Quem também anunciou medidas há poucos dias da COP26 foram os chineses. Trata-se de um novo plano para promover energias renováveis e combustíveis menos poluentes. O objetivo é garantir o começo da redução de emissões de carbono até 2030. O anúncio foi feito nesta terça-feira (26) pelo governo de Xi Jinping. Hoje, 60% da produção de energia elétrica do país depende de carbono.

Da AGÊNCIA BRASIL com informações da Redação