No centro das discussões no mundo todo, as questões ambientais podem aparecer nas principais provas de concursos, vestibulares, Enem e debates de 2024. Mas com tantos assuntos relacionados ao meio ambiente fica até difícil escolher o que estudar. Heloísa Agudo, autora do Sistema de Ensino PH, escolheu quatro temas como fundamentais sobre o assunto.

Para a especialista, os estudantes devem dominar as mudanças climáticas relacionadas ao aquecimento global e a destruição de ecossistemas que causam a perda de biodiversidade. Além disso, os processos de urbanização e os danos da atividade mineradoras. Como as provas versam sobre a atualidade, é necessário que os estudantes estejam bem informados sobre essas problemáticas e suas possíveis soluções. 

Os quatro assuntos destacados pela especialista são temas em alta sobre o meio ambiente. Eles englobam uma diversidade de elementos, como o aquecimento global, emissões de gases do efeito estufa, combustíveis fósseis, desmatamento e queimadas. 

Além disso, tem as altas temperaturas, biodiversidade, produção agrícola, biomas brasileiros, chuvas e secas, recursos hídricos, saneamento básico e qualidade do ar. E tudo isso culmina no uso sustentável e economicamente viável dos recursos naturais do planeta.

Enem (Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília)
Enem (Foto: Gabriel Jabur/Agência Brasília)

Por que falar sobre meio ambiente?

“O tema do meio ambiente está afetando diretamente a vida das pessoas, está no cotidiano”, explicou Heloísa Agudo. “A gente está vivendo nesse momento uma enchente catastrófica no Rio Grande do Sul e tudo leva a crer que ela tem relação com o fenômeno do aquecimento global e com esses extremos de clima”, acrescentou.

Eventos climáticos extremos estão cada vez mais frequentes em todo o mundo. A especialista destacou que o mais importante em relação às mudanças climáticas são as vidas humanas que se perdem. Mas, apontando o problema em si mesmo, Agudo afirmou que a falta de cidades resilientes às mudanças climáticas geram perdas econômicas e de ecossistemas. 

Assim, o tema do meio ambiente ganhou espaço mundial através da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro em 1992, a ECO 92. “A partir dessa conferência as questões ambientais e de clima começaram a tomar parte do dia a dia das pessoas”, disse.

Relevância nas provas

As provas de vestibulares abordam temas atuais e por vezes complexos, como a pandemia da Covid-19. Nessa pegada, o meio ambiente se torna cada vez mais relevante. Heloísa Agudo destacou que o Brasil será sede da reunião da Cúpula do G20 sobre meio ambiente em novembro e da COP 30 em 2025. Além disso, lembrou que a agricultura é extremamente importante para a economia do país e está intrinsecamente ligada com as questões ambientais.

“Toda essa interface com o cotidiano, que afeta o que a gente compra na feira e a qualidade do ar acaba sendo abordado em questão de vestibular. Então o meio ambiente é sempre um tema relevante e presente nas provas. E é a razão pela qual a gente aposta que esse é um tema importante. Agora, o que de meio ambiente pode vir a ser abordado é que é o grande problema, porque o leque é muito grande”, apontou.

Temas frequentes na mídia

Os quatro temas destacados por Heloísa estão sempre na mídia e, portanto, devem ser trabalhados na sala de aula. “E isso é independentemente de partidarismo, porque o professor em essência tem que pensar no fenômeno como um fenômeno independentemente de quem está no poder”, argumentou. 

A mineração no Brasil, por exemplo, é uma questão trabalhada há muito tempo. Recentemente, o estado de Minas Gerais sofreu com dois grandes acidentes com rompimento de barragens de rejeitos de minério. Os casos de Mariana em 2015 e Brumadinho em 2019 chamaram a atenção do mundo inteiro. Heloísa citou que há milhares de barragens irregulares no país.

“Nós temos milhares de barragens no Brasil que estão com risco de desmoronamento, monitoradas atualmente em função dos acidentes de Brumadinho e Mariana”, ressaltou. Mesmo assim, os riscos de novos acidentes são evidentes em várias partes do país.

Bairro sendo afundado em Maceió (Foto: Divulgação/Universidade Federal de Alagoas)

“Mas a própria atividade mineradora seja ela em grande escala, como Carajás, as minas de ferro de Minas, o minério de garimpo, tanto o legal quanto o ilegal, eles contribuem demais com devastações de rios e com a poluição por mercúrio. E esse tema também está presente na mídia para as pessoas”, contou.

População local

Os problemas da mineração não são sentidos em larga escala nas grandes cidades, mas afetam diretamente a população local de pequenos municípios e os povos indígenas, quilombolas e comunidades ribeirinhas. Essa parte da população normalmente vive das atividades de florestas para o trabalho e alimentação. 

O caso mais recente de mineração causando problemas em grandes cidades está em curso em Maceió, onde minas da petroquímica Braskem que extrai sal-gema estão causando afundamentos de bairros e deslocando a população. Para além da questão humana, Heloísa Agudo destacou que são acidentes e explorações que geram outros problemas.

“Vem a reboque outros temas que não são somente de biologia, mas de sociologia, geografia e outras disciplinas, com a precarização de moradia, prostituição de mulheres e crianças, assassinatos. Então, tudo isso são temas que precisam estar em outras provas”, analisou.

Biodiversidade e perda dos ecossistemas

O Brasil tem seis biomas dos quais destacam-se historicamente a biodiversidade da Amazônia e da Mata Atlântica. A especialista do Sistema de Ensino PH citou as ameaças às duas regiões como ponto de observação para a proteção da biodiversidade e da perda dos ecossistemas no país. 

“A Mata Atlântica tem apenas 5% do restante original por conta da urbanização litorânea que a gente teve no Brasil e a região de floresta amazônica passa por exploração de minério, gado, soja e vem sendo bastante ameaçada a cada ano”, pontuou.

Área de desmatamento e queimada e vista as margens da rodovia BR 230 no município de Apuí, Amazonas. Foto: Bruno Kelly/Amazônia Real/09/08/2020
Área de desmatamento e queimada na rodovia BR 230 no município de Apuí, Amazonas (Foto: Bruno Kelly/Amazônia Real)

Agudo não se esqueceu dos demais biomas, que sofrem igualmente pelas mesmas ameaças em escalas diferentes, e que têm riquezas incontáveis sendo devastadas. 

“A questão é que o Brasil é um país de biodiversidade enorme e não pensando apenas no direito que os seres vivos têm de existir, mas em todo o potencial econômico e farmacêutico que a gente nem conseguiu explorar ainda e que pode estar desaparecendo a olhos vistos”, avaliou.

Uso sustentável dos recursos

O Brasil tem grandes centros urbanos como São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Salvador que sofrem com enchentes ou com secas. As metrópoles e a necessidade de pensar em cidades resilientes às questões climáticas são os motivos para Heloísa Agudo apontar os processos de urbanização como tema importante nas provas.

“A gente teve a pouco tempo Manaus e Belém sofrendo com a seca intensa, com rios em volume muito baixo, e os vestibulares vem sempre nesses temas atuais. Então como as cidades podem ser mais resilientes e suportarem as mudanças climáticas que a gente está vivendo?”, perguntou. Ficar ligado nos temas da atualidade já é um importante passo para saber o que estudar.

“As provas de vestibulares tentam sempre colocar o aluno com capacidade de resolver problemas e entender problemas que são do seu cotidiano, por isso que eu elegi esses quatro temas como os temas mais quentes hoje, vamos dizer assim, nas questões ambientais”, destacou.

Questão cotidiana

Os temas ambientais estão no cotidiano e na mídia, dois exemplos são os debates sobre o fim do lixões previsto para agosto e a realização da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP 30, em Belém, em 2025. A especialista Heloísa Agudo indicou fontes confiáveis de informação sobre o tema do meio ambiente, sendo os mais importantes artigos, notícias de jornais e instituições que lutam por um meio ambiente saudável. “É importante essa questão de informação confiável”, disse.

Heloísa Agudo (Foto: Linkedin)

“Eu sempre recomendo os sites oficiais do ministério do meio ambiente, Ibama e organizações renomadas como o Instituto Serrapilheira e o WWF. Têm a ONU e dentro da ONU existem diversos institutos e toda uma área voltada ao meio ambiente com diversas atividades”, destacou.

As questões sobre o tema não exigem necessariamente que os estudantes tenham soluções para os problemas, mas que saibam identificar os comandos.

“A prova do Enem trabalha com comandos operatórios, que são os verbos  utilizados de maneira direta e indireta. Os comandos têm uma progressão que vai desde os mais básicos, que seria o aluno lembrar de alguma coisa, questão de memória, passando por comandos de compreensão, aplicação, análise, síntese, até chegar aos comandos mais complexos que são da área de criação”, explicou.

Criatividade na redação

Geralmente as provas de vestibulares são como o exame do Enem, com questões objetivas de múltipla escolha. “Eu falo para os meus alunos que nem sempre o Enem pergunta o que está certo, mas pergunta o que está certo para a pergunta feita”, argumentou Agudo.

Mas assim como o Enem, muitos vestibulares têm a prova de redação, em que os estudantes precisam mostrar conhecimento sobre um assunto para escrever sobre ele e dispor bem e com coerência as suas ideias. Essa é a complexidade de um comando de criação, que exige propostas com soluções para os problemas que se apresentam.

Enem
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

“Entretanto, a prova de redação exige que o aluno tenha soluções para determinadas situações da vida real, tanto que na redação sempre há a problemática, e que sejam soluções realmente aplicáveis. Nas minhas aulas, eu discuto temas além das questões ambientais porque isso aumenta o repertório dos alunos e esse repertório do aluno é importante na prova do Enem e isso se repete nas provas de vestibulares”, finalizou.

*Este conteúdo segue os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). Nesta matéria, o ODS 04 – Educação de qualidade e 13 – Ação contra a mudança global do clima.

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