Você já parou para pensar na importância de iniciativas de apoio aos jovens que vivem em situação de vulnerabilidade social, principalmente, os projetos que incentivam a educação? Fazer um curso pré-vestibular, infelizmente, não é uma opção acessível para todos como foi o caso da estudante Ana Luíza Lima dos Santos.

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A jovem começou a busca por cursinhos populares assim que ingressou no terceiro ano do ensino médio. A Ana Luíza conta que não conseguiria pagar um curso devido a situação socioeconômica da família, mas ao mesmo tempo sabia da importância da educação, por isso não desistiu.

“Minha mãe me ajudou nessa busca. Até ela encontrar um post no Facebook que mostrava as inscrições para o FazArte ”, conta a jovem.

A iniciativa

O Cursinho Popular Comunidade FazArte da Universidade Federal de Goiás (UFG) é um projeto que começou em 2005, com alguns estudantes da UFG. Os alunos queriam levar cultura para as comunidades periféricas. Esse processo teve início através de movimentos culturais como circo e a capoeira.

De acordo com o coordenador do cursinho e professor de química, Gabriel Vilela, os estudantes perceberam que as comunidades na redondeza da UFG estavam muito distantes da universidade, por mais que estivessem próximas geograficamente.

“Vendo essa distância os alunos perceberam a necessidade de criar um cursinho que preparasse e contribuísse para aquela comunidade com maiores chances de entrar nas universidades públicas do país através do vestibular”, explica Gabriel Vilela.

Ana Luíza ressalta que iniciativas como essa são extremamente importantes para ajudar a gerar um senso crítico e dar oportunidade aos jovens de baixa renda.

“Eu sempre fui estudante de escola pública. Infelizmente minha base para prestar vestibular não era boa. O curso me auxiliou bastante, principalmente, em relação aos conteúdos básicos. As aulas de química, redação e português foram essenciais para um ótimo resultado no Enem. O cursinho me fez entender que a educação popular é construída para todos, ela é coletiva”, ressalta.

Educação é a solução

A jovem de 21 anos pontua que mesmo com as dificuldades e os constantes ataques à educação, ela é a única capaz de emancipar as camadas mais ‘baixas’ da sociedade. “Apenas a educação emancipa a classe trabalhadora, é fundamental.”

O cursinho busca uma formação integral e mescla nas aulas conteúdos diversos como artes, literatura e política.

“Como a gente vai falar para o estudante que o acesso dele a universidade não é uma questão política? Envolve vários aspectos e todas as áreas do conhecimento estão interligadas”, afirma explica Gabriel Vilela.

Resultado do Enem

Com o resultado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2019 a Ana Luíza conseguiu passar em Letras, pelo Sistema de Seleção Unificada (SISU) no Instituto Federal de Goiás (IFG) e Publicidade e Propaganda com uma bolsa integral do Programa Universidade Para Todos (Prouni). Mesmo assim ela resolveu fazer a prova mais uma vez. “Passei para Jornalismo na UFG, entrei no curso em 2021”.

Ana Luíza finaliza explicando que no cursinho ela percebeu que pode estar dentro da universidade e que esse espaço é dela também. “E participando de iniciativas assim eu posso tentar trazer sentido para outros estudantes de escola pública, para eles conquistarem esse espaço, que é deles também, finaliza.

Inscrições abertas

O Cursinho Popular Comunidade FazArte está com inscrições abertas para estudantes interessados em se preparar para as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). As inscrições vão até o dia 24 de fevereiro, mas a divulgação da primeira chamada dos selecionados começa a partir do dia 16.

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