Futuro vice-presidente do Atlético Clube Goianiense, Valdivino de Oliveira está de volta à diretoria do Dragão depois de sete anos. A chapa, juntamente com o presidente Adson Batista, que será de quatro anos, tem a missão de dar início ao projeto de clube empresa, após mudança no estatuto do Rubro-Negro.

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Apesar desse tempo afastado da diretoria do Atlético-GO, Valdivino de Oliveira revelou que não deixou de acompanhar os jogos do seu time do coração. No passado, ainda como presidente do clube, o atual secretário de Economia de Anápolis acumulava outras funções administrativas no cenário político do Brasil. Sendo assim, o ex-mandatário não conseguia acompanhar o dia a dia do futebol propriamente dito, como treinamentos, viagens, representar o clube em reuniões, entre outros.

“Gostaria muito de voltar ao futebol para fazer de forma diferente que fiz anteriormente, porque eu era presidente do Atlético-GO e tinha que dividir a presidência com tudo, universidade, as secretarias que eu ocupava. Agora, eu quero realmente um tempinho maior para ser um auxiliar à altura do trabalho que o Adson faz no Atlético-GO”, revelou.

Confira, a seguir, uma entrevista com Valdivino de Oliveira:

16º no ranking da CBF

O Adson assume o clube por mais quatro anos, com o senhor como vice. Qual é o principal desafio agora?

O Atlético-GO está em um momento de afirmação no mercado nacional, digamos assim, no marketing nacional, no futebol nacional, está em um momento de afirmação. Veja bem, quando eu assumi o Atlético, éramos o 57º clube no ranking da CBF. Hoje, o Atlético já é o 16º. Então, você verifica que, de 57 para 16, foi uma subida fantástica ao longo desses 16 anos. Então, o Atlético começa a se inserir na mídia nacional, nos grandes movimentos do futebol a nível nacional e sul-americano, já é a segunda vez que ele vai para uma Sul-Americana. Então, acredito que esse trabalho que o Adson fez é muito interessante e acho que posso colaborar também com minhas ideias, meus conhecimentos, para ajudar a firmar o Atlético mais ainda nesse cenário.

Quais ideias o senhor pretende implantar?

Evidente que a gente vai conversar muito com o Adson, o Jovair. Vamos sentir também o que é o pensamento deles em relação ao futuro do clube, e depois a gente vai obviamente traçar um rumo do que a gente pode colaborar. Fiquei muito lisonjeado com o convite do Adson, achei que teve um deferimento muito especial comigo, e eu quero ajudá-lo no que for possível. Sou um soldado nesse quartel do Atlético e quero estar à disposição.

Daqui a quatro anos como o senhor imagina entregar o Atlético?

Quem sabe entre os 12 melhores clubes do Brasil. Hoje somos o 16º, nós viemos em uma escala de 57 lá em 2005, para 16 em 2021. Quem sabe nós possamos estar entre os 12 maiores clubes do futebol brasileiro. Acho que esse é o grande sonho da torcida atleticana, seria a grande realização da gestão do Adson.

Crescimento do CT

Qual foi o principal ciclo de crescimento do Atlético entre o período que o senhor deixa o cargo para hoje?

Eu fui presidente do Atlético em um período que o clube não tinha caixa. Você tinha que ter uma criatividade, às vezes com doações, pedindo para empresas, vendendo marketing barato, mas procurando arrumar dinheiro quase que com uma sacolinha na mão. Hoje diretor de futebol não financia mais, ele tem que usar sua inteligência, a capacidade para inserir o clube no mercado cada vez mais profissional.

Quando o senhor entra no CT, qual filme passa na cabeça do senhor?

Me lembro quando lá era uma praça aberta, com dois campos de terra batida e nem muro tinha. Um dia eu falei com o Álvaro: nós precisamos fechar pelo menos a área do Atlético. Aí ele disse, se quiser eu comando para você, mas eu não tenho dinheiro. Eu falei que vou arrumar o dinheiro. Então me lembro de quando nós fizemos o muro do CT. Arrumei o dinheiro, o Álvaro fez com maior carinho. Depois me lembro que nós arrumamos o dinheiro para erguer aquela concentração dos vestiários. O oftalmologista, Dr. Ricardo, tomou conta da construção, colocamos o dinheiro na conta específica e nós levantamos as paredes. Me lembro quando voltei em 2005, que estava lá só o esqueleto, e quando contratei o Adson em 2006, falei que precisávamos terminar essa concentração, e nós começamos aos poucos. Então, evidente que quando eu vejo aquela concentração moderna, passa pela minha cabeça aquele filme desde os muros. Me lembro de tudo isso, como o clube foi tijolo por tijolo construindo aquele magnífico CT.

Estádio Antônio Accioly

E o Accioly, qual o filme?

Eu era candidato a vice-prefeito na chapa do Iris, em 2004, e ele falou para mim: olha, quero fazer o comício final em Campinas, precisamos arrumar um local, e ele perguntou se poderíamos fazer no Atlético, lá é grande. Eu falei que podemos e fui procurar o presidente, que naquela época parece que era o Bela Vista. Aí ele me disse: está lá, não tem energia, está um matagal danado, mas eu falei que iria arrumar. Contratei uma empresa para fazer a limpeza, falei com a Celg, eu tinha facilidade de falar com o presidente, eles puxaram a energia, nós pagamos o uso e fizemos o comício de despedida daquelas eleições. Naquele comício, eu tive a ousadia de dizer ao povo de Campinas que se nós ganhássemos as eleições, eu iria comandar a recuperação do Antônio Accioly e do Atlético. Evidentemente que o povo nos ovacionou, ficou um ambiente festivo naquele momento e nós, de fato, ganhamos a eleição. Quando vencemos, fui cobrado pelo compromisso e avisei que iria cumprir. Nós começamos então a reconstruir. Me lembro que comprei grama, o Wilson Carlos, com dedicação toda, comandou as obras. Me lembro que comprei no interior de São Paulo, mudinha por mudinha para reconstruir o gramado. Estávamos na segunda divisão do Goianão e nem tinha perspectiva de quando ia jogar. Os torcedores fizeram uma vaquinha para comprar um arame e fazer o alambrado e tenho até hoje em casa rifas que foram feitas. Ajudei a fazer aquele pedaço da arquibancada ao lado das cabines de rádio, aquela da direita. Quando menos se esperou, inauguramos o Antônio Accioly bonitinho, novinho na segunda divisão do goiano. Lógico que não é um estádio que é hoje, mas para aquela ocasião era uma vitória para o povo de Campinas.

Junior Kamenach é estagiário do Sistema Sagres de Comunicação, em parceria com IPHAC e a Faculdade UniAraguaia, sob supervisão do coordenador de esportes Charlie Pereira.