Neste mês de março de 2021, a Guerra da Síria completou uma década, sem perspectivas de finalização. Sendo assim, mais de 40% da população – cerca de mais de 11 milhões de sírios se espalharam pelo mundo. Na América do Sul, a Venezuela sofre crise sem fim e a população busca refúgio, principalmente, no Brasil.

A saber, a Sociedade Civil e a ONU anunciaram um plano de cerca de 500 milhões de reais para apoiar a proteção, assistência e integração de pessoas refugiadas e migrantes da Venezuela no Brasil que receberão ajuda humanitária no país ao longo de 2021.

Para conversar sobre esse assunto, o Sinal Aberto recebeu na manhã deste sábado (27), a Coordenadora de Projetos da Superintendência de Direitos Humanos da Secretaria de Desenvolvimento Social de Goiás, Jordana Araújo. Além dela, Roberto Portela, vice-presidente da COMITRATE-GO, o secretário de Prioridades Estratégicas de Goiânia, José Frederico Lyra Netto e por fim, a psicóloga Adriana Melo.

Preconceitos em relação aos migrantes

Um dos desafios enfrentados pelos migrantes é o preconceito da população que teme perder o espaço, principalmente, quando se fala em emprego. De acordo com a psicóloga, isso é bastante comum.

“É uma evidência e é uma preocupação da nossa população que esse espaço seja tomado pelos imigrantes. Mas isso ainda não acontece”, comentou Adriana.

Jordana afirmou que a assistência que dão para os imigrantes no Brasil é, muitas vezes, questionada pela população “Sempre vem o questionamento: ‘nós não estamos dando conta nem de cuidar dos problemas dos brasileiros, como que vamos acolher e resolver os problemas dos indígenas e imigrantes?'”

Assistência aos refugiados

Segundo Roberto Portela, existem diversas capacitações online de 40, 60 e até 80 horas que debatem temas para atender refugiados. “Discutem legislação, assistência, inserção e promoção de políticas. Ainda, diversos grupos que se capacitaram na medida da necessidade do trabalho que podem compor essas ações”, comentou.

Além disso, o vice-presidente citou dados nacionais mostrando que o fluxo migratório em Roraima melhorou os aspectos econômicos e a estrutura do estado como um todo. Nesse ínterim, José Frederico comentou que há fatores que não pioram a economia e ajudam a melhorar.

Políticas públicas em Goiás

Ainda de acordo com Roberto, os índices em Roraima podem ser usados para melhorar, também, no estado de Goiás. O vice-presidente da COMITRATE-GO afirmou que a migração laboral provavelmente não dependerá do estado. Ademais, o prefeito Rogério Cruz está iniciando um trabalho para essas políticas públicas.

“Estamos no momento de construir uma política estadual e municipal para migrações. Conheço o trabalho da prefeitura de Aparecida e, também, o Rogério Cruz (Goiânia), está iniciando um trabalho muito promissor”, finalizou.

Jordana contou que a secretaria tem acompanhado de perto a situação dos imigrantes e feito ações emergenciais com a prefeitura e a sociedade civil. “Fizemos ano passado uma grande capacitação com os servidores públicos para começar a abrir esse olhar em relação aos imigrantes”, comentou.

A coordenadora salientou que nesse momento estão estudando os recursos disponíveis nos Ministérios para ver de qual forma, junto com os munícipios, conseguem apoiar e construir uma política que garanta acolhimento e autonomia.

“Eu acredito que hoje estamos no momento de ganhar maturidade em relação a construção dessa política. Temos reunido um grupo grande de pessoas dentro do COMITRATE e é super importante não só a discussão, mas o desenvolvimento dessas políticas públicas”, disse Jordana.

Roberto evidenciou que na pauta a promulgação da lei de migração desde o ano de 2017, por isso se fala em desenvolver políticas por ser algo novo.

Mariana Tolentino é estagiária do Sistema Sagres de Comunicação em parceria com Iphac e a Unialfa, sob a supervisão do jornalista Denys de Freitas.