Neste sábado (5/6) é comemorado o Dia Mundial do Meio Ambiente, e uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria analisou que a sociedade têm se mostrado preocupada em consumir marcas que possam prejudicar e comprometer o meio ambiente. Sendo assim, com os resultados cerca de 38% dos entrevistados assumiram que procuram saber se o item comprado foi produzido de forma sustentável.

Em relação a isso, como Goiás pode fomentar a prática da economia verde no Estado? Para falar sobre esse assunto, o Debate Super Sábado recebeu o professor de economia Luiz Carlos Ongaratto, o presidente do Conselho Temático de Meio Ambiente da Fieg Flávio Rassi. Além deles, o Doutor em Ciências Ambientais Aldo Muro e o ambientalista Gerson Neto.

Ouça na íntegra:

“A gente está em um processo que não está conseguindo avançar em termos de recuperação do meio ambiente. As queimadas recentes, o processo de desmatamento que não para, a gente não tem números bons para recuperar neste sentido e as medidas de governo federal e estadual têm sido ainda muito agressivas em relação ao meio ambiente. Parece que eles querem ocupar um espaço maior possível, enquanto dá, para depois criar uma situação já estabelecida”, comentou o ambientalista.

Gerson ainda disse que há uma ameaça grande do desmatamento da Amazônia, o Cerrado já completamente devastado, situação de insegura hídrica que pode afetar toda uma estrutura econômica industrial. “Tudo isso nos preocupa muito no futuro porque os desafios são enormes”.

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De acordo com Luiz Carlos Ongaratto, no Dia Mundial do Meio Ambiente, se fala nele externamente, mas também como se fosse um ser humano interno. Além disso, que muitas pessoas associam o lucro ao desmatamento, porque é um modelo pensando de exploração.

“Esse modelo não serve mais, principalmente em um país como o Brasil. O próprio sistema energético do Brasil, devido a essas mudanças climáticas, já não tem a mesma previsibilidade do que a 20, 30, 40 anos atrás. O agronegócio, que sustenta nossa macroeconomia, se tem imprevisibilidade tem mais quebra de safra igual estamos tendo agora. […] Seria uma grande oportunidade para a indústria brasileira se posicionar”.

O professor Aldo Muro afirmou que nós criamos cada vez mais o passivo ambiental, ou seja, pensamos apenas na questão do ser humano ocupante no meio ambiente “o resto fica ao léu”. Para o Doutor em Ciências Ambientais, Goiás tem o dever de preservar a natureza. Sendo assim, para ele, para fomentar a economia sustentável, o estado deve ter agilidade no licenciamento e incentivar os consórcios.

Flávio comentou que as barreiras para que o governo não coloque em práticas essas medidas são que o licenciamento não olha o certo tipo de impacto que algum empreendimento possa ter. “Empresa não paga tributo, quem paga somos nós como pessoas físicas que vamos no supermercado e compramos os produtos. Se o estado não tiver uma política pública séria, impacta lá na frente no preço dos produtos. E o estado não faz porque é ineficiente e não quer baixar tributos”.

Entretanto, Gerson Neto contrariou a fala do presidente do Conselho Temático de Meio Ambiente, “o Estado não é o culpado disso tudo. Eu concordo que o problema está na economia. Nosso problema é macroeconômico, nosso problema é a forma como nossa economia se desenvolveu. As atividades industriais, empresariais e a agropecuária são construídas de estruturas de funcionamento de altos custos e altos lucros, mas muito pressionada por uma eficiência total que a coloca em uma situação de se por o máximo de segurança possível. […] Quem determina essa política, que vocês estão dizendo que é culpa do estado, não é, são as pessoas que fazem isso acontecer, são os grupos econômicos”.

Além disso, complementou que há uma pressão muito grande para a empresa crescer, que se estabilizar e ficar parada, quebra. “A gente não está diante de uma situação simples, há competição entre empresas, há competições entre países e há competição entre estados, e o meio ambiente nessa disputa, é o lado mais fraco da história”.

Flávio Rassi afirmou entender o lado do ambientalista, mas que não deixa de acreditar que é uma visão parcial. Já o professor Luiz Carlos Ongaratto comentou que não temos uma visão de estado empreendedor porque “numa visão de desenvolvimento sustentável, não queremos lucro a qualquer custo. Mas atualmente, a população não tem escolha, sempre vai querer o mais barato porque estamos em crise há 10 anos […] O nosso papel como empresário, educador e ativista é fazer com que essa cultura de consumo seja quebrada”.

Por fim, Aldo salientou “todo ambientalista quer o desenvolvimento sustentável, todo empresário deveria querer o desenvolvimento sustentável. Aquele que não quer é porque ainda não encontrou a forma de benefício disso”.

Mariana Tolentino é estagiária do Sistema Sagres de Comunicação, em parceria com o Iphac e a Unialfa sob supervisão da jornalista Tandara Reis.