O Brasil lidera uma lista de 11 países com mais casos de depressão e ansiedade durante a pandemia do novo coronavírus. Pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) acendeu o sinal de alerta a respeito do tema que já tem sido bastante comentado nos últimos meses: a saúde mental.

De acordo com os dados, o Brasil é o país que apresenta mais casos de ansiedade (63%) e depressão (59%), em índices proporcionais à população. Em segundo lugar, ficou a Irlanda, com 61% das pessoas com ansiedade e 57% com depressão. Em terceiro aparecem os Estados Unidos, com 60% e 55%, respectivamente.

Para entender esse cenário e tentar trazer auxílio às pessoas e famílias afetadas por alguma condição mental, a Sagres convidou o psiquiatra César Roriz, a psicóloga Madalena Gioia e o doutor em psicologia Nicolau Chaud.

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O psiquiatra César Roriz afirma que o reflexo do isolamento na população, devido à pandemia do novo coronavírus, potencializou o aumento dos casos de ansiedade no Brasil, principalmente nos jovens.

“Os adolescentes foram bastante afetados por esse isolamento, já que vão para festinhas, escolas, começam a namorar, costumam se socializar, já que eles sentem falta da rotina, do dia-a-dia que estavam acostumados. Isso trouxe ansiedade muito grande, casos graves de ansiedade, sinais de depressão, então os adolescentes foram bastante afetados pelo isolamento”.

Segundo o estudo do Conselho Federal de Farmácia (CFF), realizado em maio de 2021, mostrou que os brasileiros passaram a se medicar com mais frequência durante a pandemia. Uma das automedicações usadas durante a emergência sanitária, foi o uso da cloroquina. Ainda de acordo com a CFF, o Brasil é o país que possui o maior índice de automedicação no mundo, ultrapassando 70% da população. A psicóloga Madalena Gioia, alerta os perigos da automedicação para a ansiedade.

“Nesse caso a gente precisaria de prescrição. Por que é uma medicação muito séria, que acarreta consequência e as pessoas estão automedicando, tem um parente na família que é médico e consegue uma receita. Ou às vezes ainda consegue a medicação clandestina pela internet”

Para o doutor em psicologia Nicolau Chaud, os brasileiros não estão sabendo lidar com momentos difíceis e com as emoções negativas. Além da ansiedade, outro ponto preocupante é a solidão. O especialista ressalta o levantamento feito pelo Instituto em Pesquisa de Mercado e Opinião Pública (IPSOS), em que o brasileiro é o povo que mais se sente solitário. De acordo com a pesquisa realizada em dezembro de 2020 à 8 de janeiro de 2021, 50% das mil pessoas entrevistadas no Brasil disseram sentir solidão “muitas vezes”, “frequentemente” ou “sempre”.

“Seria fácil demais dizer que o problema de agravamento na saúde mental no Brasil é só uma questão da pandemia. Nós vínhamos acompanhando esses dados de aumento antes, tanto nos diagnósticos de ansiedade e depressão quanto na prescrição de medicamentos. Um dado que é extremamente relevante para contrastar é que o Brasil, apesar de baixo índice de isolamento social, em um ranking mundial foi o país com mais relatos de sentimento de solidão.”

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