A Associação de Combate ao Câncer em Goiás (ACCG), entidade privada sem fins lucrativos e mantenedora do Hospital Araújo Jorge (HAJ) em Goiânia, e que atende 85% de pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), divulgou nesta terça-feira (2), por meio de seus diretores, a situação financeira do hospital.

De acordo com o presidente da ACCG, Paulo Moacir de Oliveira Campoli, o hospital tem um déficit de mais de R$ 1 milhão por mês. Por conta desta situação, o atendimento em alguns setores poderá ser suspenso. Segundo Campoli, um dos fatores que contribuem para a crise no HAJ é a defasagem da tabela SUS.

“Os valores pagos pelo SUS são insuficientes para cobrir as despesas em razão dessa crise financeira que o país está vivendo, do ano passado para este. A tabela SUS remunera, por um transplante de medula, o valor de R$ 23 mil. O custo deste mesmo transplante é de R$ 120 mil. Existe uma diferença de quase R$ 100 mil que a ACCG é obrigada a arcar, e a gente está pedindo então ao governo do Estado e ao municipal que complemente essa diferença de cerca de R$ 100 mil por transplante”, argumenta.

O primeiro setor que poderá sofrer a suspensão de atendimento é o de transplante de medula óssea, que gera um déficit mensal de R$ 500 mil. De acordo com Campoli, o segundo setor é o de terapia intensiva (UTI), o terceiro de pronto-socorro e o quarto oncologia pediátrica.

“O prejuízo mensal que a gente tem com transplante de medula óssea é de R$ 500 mil por mês. Com a UTI é da ordem de R$ 220 mil por mês. Do pronto atendimento é de R$ 200 mil por mês. São valores muito altos e que precisam ser complementados pelo poder público”, ressalta o presidente da ACCG.

A dívida total do HJA é de R$ 800 milhões, valor que foi reduzido pela metade. A ACCG, entretanto, paga mensalmente por essa dívida R$ 600 mil, fator que inviabiliza o orçamento da entidade, comprometendo inclusive o pagamento de salários dos profissionais.

“A gente está fazendo um esforço muito grande para não comprometer o funcionamento do hospital como um todo. Agora, se for necessário o fechamento dessas quatro unidades que eu citei, medula óssea, pronto-atendimento, UTI e oncologia pediátrica, mesmo correspondendo a uma parcela menor da população atendida, certamente vai trazer um transtorno muito grande”, afirma.

O presidente afirma que a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia já foi avisada no mês de julho a respeito da situação pela qual o HJA passa, mas não obteve retorno por parte do secretário Fernando Machado, e que o governo teria repassado à entidade R$ 800 mil, dinheiro que teria sido retido no município.

Em nota, a SMS esclarece que os recursos provenientes do Estado em relação ao incentivo estão seguindo o trâmite legal para serem repassados ao HJA. O valor referente a junho será depositado ainda esta semana.