A cor que estampa a campanha que incentiva a doação de órgãos é a mesma da esperança. No entanto, em 2020, o Setembro Verde tem um desafio ainda maior. Por conta da pandemia, com a diminuição de 61% dos transplantes, cresceram 44,5% as mortes de pacientes cadastrados na fila de espera entre os dois períodos em todo o país. Os números são da Associação Brasileira de Transplantes (ABTO).

Em Goiás, a desinformação tem contribuído para que o estado fique abaixo da média nacional em número de doadores, como explica a gerente de Transplantes da Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO), Katiúscia Freitas.

“Goiás ainda tem uma recusa familiar um pouco alta, cerca de 57% das famílias ainda dizem não. Essa média do Brasil é de 40%, mas tudo isso devido à desinformação, desconhecimento, e é o que a gente tenta com essas campanhas, melhorar a informação, o conhecimento”, afirma.

À direita, Katiúscia Freitas em entrevista ao Tom Maior #97 (Foto: Sagres TV)

Segundo Katiúscia, o simples fato de falar sobre doação de órgãos ainda é tabu em Goiás. “Falar de doação de órgãos é falar de morte, e as pessoas não querem falar sobre morte, esse é um dos grandes problemas”, pondera.

Ainda assim, o estado tem números positivos em 2020. No primeiro semestre, foram realizados 104 transplantes de órgãos em Goiás (rins e fígado) e 131 transplantes de tecidos (córneas).

No mesmo período em 2019, foram realizados 93 transplantes de órgãos (rins e fígado) e 378 transplantes de tecidos (córneas). “A gente conseguiu fechar o semestre como o quinto estado que mais transplanta rins no país, a gente foi na contramão da maioria dos estados”, pontua.

Quem opta por ser um doador de órgãos, registra na carteira de identidade ou na carteira nacional de habilitação (CNH) que deseja fazê-lo. Mas isso, segundo Katiúscia Freitas, não é o suficiente. A família é quem decide.

“As pessoas acham que estar escrito na carteira de identidade vai resolver, e realmente não tem nenhuma validade. Hoje o que vale é realmente informar e conversar com a sua família. Ela é que toma a decisão se você vai ser um doador de órgãos ou não”, conclui.

Confira a entrevista na íntegra a partir de 01:30:00