O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou dados que mostram uma redução significativa de 45,7% nos alertas de desmatamento na Amazônia Legal entre agosto de 2023 e julho de 2024, totalizando 4.314,76 km², o menor índice da série histórica iniciada em 2015. No entanto, o Cerrado registrou um aumento de 9% nos alertas, alcançando um recorde de 7.015 km² desmatados no mesmo período.
A redução histórica de desmatamento na Amazônia, segundo o Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) do Inpe, representa a maior queda proporcional já registrada. Comparado ao período anterior, que registrou 7.952 km² desmatados, o bioma apresenta sinais de recuperação, apesar de um aumento de 33% nos alertas em julho de 2024, comparado ao mesmo mês em 2023.
Em contraste, o Cerrado, segundo maior bioma do Brasil, viu um aumento preocupante nos índices de desmatamento, atingindo um recorde desde o início do monitoramento em 2017. Especialistas apontam que fatores como a falta de proteção legal e as autorizações de desmatamento concedidas por governadores da região estão impulsionando a destruição deste bioma vital.
Matopiba
Os estados da região da Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) mostraram tendências divergentes. Enquanto a Bahia registrou uma queda de 52,4% no desmatamento, os demais estados apresentaram aumentos expressivos, como Tocantins (58,6%) e Maranhão (31%).
Apesar dos esforços para combater o desmatamento na Amazônia, a falta de um plano de ação específico para o Cerrado e a pouca proteção das terras de povos tradicionais continuam sendo desafios.
“O Cerrado é atualmente a principal fronteira agrícola para a produção de commodities. A gente vê no bioma o avanço do cultivo de soja acompanhado pelo desmatamento, especialmente na região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia)”, explica Bianca Nakamato, especialista de Conservação do WWF-Brasil.
“Esse avanço traz consigo diversas ameaças, incluindo violações de direitos humanos e a perda de biodiversidade. Com a chegada da época seca, a propensão a incêndios aumenta significativamente. Apenas em julho, mais da metade das queimadas ocorreram na fronteira agrícola, particularmente no Maranhão e em Tocantins”, acrescenta.
Mais números
Com o Cerrado responsável por 61% do desmatamento nacional em 2023, a preservação desse bioma é crucial para a biodiversidade e para mitigar os efeitos das mudanças climáticas.
“Existem pessoas que desejam prejudicar a imagem do país e apoiar o desmatamento. Esses agentes, que contribuem para o aumento do desmatamento e destruição, estão presentes no governo, no Congresso e até em parte do Supremo Tribunal. Portanto, é uma tarefa árdua para os setores que trabalham para reduzir esses números manter os índices atuais ou diminuí-los ainda mais”, argumenta Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.
*Este conteúdo está alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), na Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU). ODS 13 – Ação Global Contra a Mudança Climática
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