Comer meio biscoito e jogar a outra metade fora não pode ser considerado um gesto normal, principalmente se a prática acontecer ainda na infância. De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), cerca de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são perdidos por ano no planeta, o que representa de 30% do total produzido.

Segundo a instrutora de Gastronomia do Senac EAD, Roseli Candêo, a conscientização sobre o desperdício de alimentos deve começar logo nos primeiros anos de vida.

“Se nós começarmos a educar as nossas crianças para este aproveitamento, para essa recuperação, acho que isso vai ser levado para as escolas, consequentemente para as empresas, para o campo, e aí sim nós vamos ter uma consciência melhor de tudo isso. Tem que começar dentro de casa, com a criança pequenininha”, afirma.

Entram na conta do desperdício todas as etapas da cadeira produtiva, desde a colheita até a distribuição nos supermercados do Brasil. De acordo com Roseli Candêo, a falta de cuidados em relação ao aproveitamento dos alimentos é geral.

“Na feira livre, de tudo que é descartado, acredito que de 80% a 90% pudesse ser reaproveitado. Nos supermercados, a falta de cuidado do consumidor, do próprio comerciante, do usuário que poderia reaproveitar melhor esses alimentos”, pontua.

Um levantamento feito pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), mostra que 23,6 milhões de toneladas de alimentos são desperdiçadas por ano no Brasil, o que representa mais de 40 quilos de lixo por pessoa ao ano. Uma pesquisa realizada pela Embrapa em parceria com a Fundação Getúlio Vargas apontou que um dos principais motivos para isso acontecer é que, na mentalidade do brasileiro, a abundância está diretamente ligada ao status social, e ainda está associado à hospitalidade e cuidado com a família.

“Em casa podemos reaproveitar as sobras de frutas, de verduras. Eu sempre falo que a sobra não é resto, porque resto é que o sobrou no prato, e também precisamos pensar nisto, servir somente aquilo que eu possa comer, não exagerar”

Segundo Roseli Candêo, um projeto realizado no Ceasa do Paraná reaproveita os alimentos que não foram vendidos. Tudo é cortado, descascado, congelado e direcionado a famílias de baixa renda.

Saiba mais na entrevista a seguir com Roseli Candêo no STM #127