Advogado e Conselheiro do Goiás Esporte Clube, Alessandro Meireles compartilhou um texto a respeito do momento esmeraldino. Uma crise em campo, com a equipe ocupando a última posição na tabela de classificação do Brasileiro – e fora das quatro linhas os bastidores e articulações para as eleições no final do ano.

Se o Goiás seguir com o desempenho atual, tudo indica já estará rebaixado na Série A, antes da troca de presidentes.

Alessandro entende que a saída de Marcelo Almeida, da presidência do clube alviverde é a melhor saída no momento e ele toca em um assunto, em algo que o próprio mandatário já fez o alerta… A estrutura administrativa e ‘inchada’ do Verdão.

Escrevi certa vez que Marcelo Almeida tinha que renunciar as suas outras funções e se dedicar somente ao Goiás. Na entrevista ao repórter André Rodrigues, onde revela um cenário de insatisfação com muitos fatos no alviverde, ele reconheceu que o presidente do clube precisa se dedicar completamente a função.

Confira a manifestação do Conselheiro

O momento do Goiás é crítico, em verdade é terminal. O rebaixamento significará o que venho falando há anos, a transformação de uma eterna promessa do futebol brasileiro em mais um fracasso igual a muitos.

De tanto ter medo de ser campeão brasileiro da Série A ou da Copa do Brasil, hoje o Goiás não tem mais medo de disputar mais uma vez a Série B, agora sem perspectiva alguma de em breve retornar à A.

Ouço faz tempo de um dirigente o conceito de que “o Goiás não cresceu, inchou”, pois é, e agora?

Também pudera, com a máquina esmeraldina e seu cabide de empregos pagando altos salários, o futuro triste era certo.

Quando o vice-presidente do Conselho Deliberativo Alexandre Iunes foi eleito vice-presidente executivo do Dr. Syd, enviei a ele um e-mail sugerindo diminuição imediata do número de empregados, através da contratação de uma consultoria organizacional, pois o futebol já havia mudado para uma gestão profissional; e o que aconteceu? Nada. Diz o dirigente que tal e-mail jamais chegou. Tudo bem. E mesmo que seja verdade, eu afirmei a ele esta verdade inúmeras vezes. Sabe o que aconteceu? Nada.

Já perdi as contas de quantas vezes desabafei, cobrei, avisei, reclamei ao amigo Paulo Lopes, ao senhor Hailé Pinheiro. Infelizmente jamais fui ouvido.

Hoje o Goiás paga o alto preço de suas escolhas, pois é como sempre digo: a vida é feita de escolhas. O Clube erra desde o dia em que decidiu-se pela recondução de João Gualberto à presidência; seguiu errando ao eleger Raimundo Queiroz, Pedro Goulart, Syd de Oliveira, João Bosco e Marcelo Almeida. Hoje o hiato do tempo em que a Instituição foi presidida por Sérgio Rassi já não interessa, pois o dinheiro que deixou, pensando em seu sucessor, já não existe. O crédito acabou e salários são pagos em atraso.

A máquina esmeraldina continua pagando milhares e milhares de reais a caros empregados, muitos protegidos. A conta está chegando.

Período eleitoral se aproxima e ouço barulho de pessoas que querem o poder pelo poder. Isso é triste.

Apesar de eu ser eterno defensor da democracia, neste momento horrível da história do Goiás, eu não vejo com bons olhos uma disputa eleitoral. E apresento meus argumentos.

Primeiramente eu não quero pessoas que só mal fizeram de volta ao Clube ou pessoas que jamais fizeram pelo Goiás ditando as regras. E em segundo lugar, uma disputa neste estágio de desgraça só servirá para desunir os elos que já são frágeis.

Eu defendo a renúncia de Marcelo Almeida, de Mauro Machado, de Diogo Crosara, de Júnior Vieira e de Rogério Santana. Mesmo a menos de dois meses do fim desta horripilante gestão, eu defendo a renúncia coletiva. A renúncia pode antecipar a eleição da nova diretoria, uma alteração estatutária não é ruim, aliás, o Estatuto Social carece de alterações, mas este é outro tema.

Em caso de não renúncia, que Marcelo tenha a humildade de pedir ajuda, que deixe o orgulho e a prepotência guardados na gaveta, para todos juntos salvarmos o Goiás. A senha da união já foi exposta, não preciso aqui repetí-la.

Até este momento eu não ouvi nenhum dos dois médicos ou qualquer outro dirigente fazer mea culpa. Onde está a grandeza?

Se não houver mudança radical no comportamento do elenco e da comissão técnica, em 15 de dezembro de 2020 a Instituição já estará rebaixada à B, duvidam? Façam as contas.

Eu não acredito que surgirá um nome de oposição com coragem para assumir o Clube sem receita com a extrema necessidade de demitir a maioria e todos os salários mais altos. Daí eu não acredito que haverá disputa eleitoral.

Ao fim e ao cabo, a vida nos implora: união. A união de verdadeiros esmeraldinos, que colocam o Goiás Esporte Clube acima de vaidades e sonhos de poder.

(Alessandro dos Passos Alves de Castro Meireles)